São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996 |
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Protesto de agricultores reúne 20 mil no RS
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
Atingidos pela estiagem, eles reivindicam do governo federal ajuda de R$ 1.500,00 por família. O governador Antônio Britto (PMDB), que havia dito que não permitiria o bloqueio, colocou a Brigada Militar (a PM gaúcha) em prontidão e enviou pelotão de choque para Sarandi (326 km ao norte de Porto Alegre). O cálculo do número de agricultores presentes foi feito pela Polícia Rodoviária Federal e pela CUT-RS (Central Única dos Trabalhadores), cujo Departamento Rural organizou a manifestação. Foi marcada para a noite de ontem, no Palácio Piratini, sede do Executivo, uma reunião entre o governador e os líderes do movimento. Britto acusou o PT e a CUT de "enganar" os pequenos agricultores. Conforme o governador, o partido e a entidade sindical teriam anunciado que quem estivesse acampado na BR-386 garantiria o recebimento dos R$ 1.500,00 do governo. Desde o último dia 15, pequenos agricultores estão acampados na beira da estrada, em protesto. Depois do bloqueio de ontem, eles voltaram para as barracas, estimadas em 7.000. O coordenador do Departamento Rural da CUT, Inácio Benincá, disse que Britto "baixou o nível" diante do protesto. O deputado estadual José Gomes (PT), que esteve em Sarandi, declarou que os petistas "não influenciaram em nada". Os agricultores realizaram assembléias na rodovia, que bloquearam com máquinas agrícolas. A Polícia Rodoviária Federal montou barreiras, para desviar o trânsito, antes do local da manifestação. O esquema da polícia funcionou e não houve congestionamentos por conta do protesto. Também houve protestos de plantadores, de menor porte, em outros municípios. Conhecida como a estrada da produção, a BR-386, uma das mais importantes rodovias gaúchas, liga Porto Alegre à região norte do Estado. Britto disse não "tolerar" bloqueio porque prejudica as pessoas que precisam viajar e o escoamento de produção. O governador disse que não desejava acionar a Brigada para garantir a "preservação da ordem". Edgar Preto, um dos participantes da manifestação, disse que o governador estava tratando os agricultores como "marginais". Depois de visitar as lavouras gaúchas atingidas pela estiagem, o ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, defendeu a liberação de um salário mínimo (R$ 100,00) por família. Texto Anterior: Simon e ACM trocam acusações no plenário Próximo Texto: Confronto entre os sem-terra do PR deixa dois mortos e três feridos Índice |
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