São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996 |
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Política científica une países
RICARDO BONALUME NETO
Os dois possuem as maiores e mais produtivas comunidades científicas do Terceiro Mundo e têm políticas científicas extremamente parecidas -por exemplo, uma relutância em aceitar patentes farmacêuticas do Primeiro Mundo ou os investimentos em uma política de informática própria. A grande diferença, visível nas áreas nuclear e espacial, é a necessidade indiana de pesquisa militar. A Índia esteve em guerra com o Paquistão -a última vez, em 1971- e teve conflitos de fronteira com a China. Essa situação trouxe um grande investimento no equipamento das Forças Armadas. Já o Brasil, sem inimigos potenciais, tem um dos menores percentuais de gasto militar em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). O nacionalismo científico dos dois países se reflete na recusa de assinar tratados internacionais na área nuclear que ambos consideram "discriminatórios". O Brasil se recusa a assinar o TNP -Tratado de Não-Proliferação- por considerar que ele busca impedir o acesso dos países que não têm a bomba aos usos pacíficos da energia nuclear. A Índia foi ainda mais longe. Em 18 de maio de 1974, explodiu uma bomba nuclear debaixo do deserto de Rajasthan, no nordeste do país. Alegou à época ser um artefato "pacífico". Desde então, nada mais foi anunciado sobre a existência de um programa nuclear militar pelos indianos. É provável que tenham umas poucas bombas nucleares. Os indianos também têm interesse em pesquisas na área nuclear porque são detentores -assim como o Brasil- de grandes jazidas de tório em areias monazíticas. O tório é um metal radiativo cuja exploração potencial como combustível nuclear poderá revolucionar o panorama energético mundial. Pode ser usado em um novo tipo de reator nuclear chamado "regenerador", capaz de reproduzir o seu próprio combustível. Texto Anterior: 'Rei reina, mas não governa' Próximo Texto: ONU é tema de comentário Índice |
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