São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996
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Um vereador covarde

BRUNO FÉDER

Ao vermos o vereador Francisco Whitaker perguntar, em rancoroso artigo publicado neste espaço (12/01) contra o prefeito Maluf, se algum dia será possível viver melhor nesta cidade, a resposta que ocorre aos paulistanos, que majoritariamente aprovam a atual gestão em todas as pesquisas, só pode ser uma: sim.
Sim, porque a cidade hoje está bem melhor do que há três anos, quando foi arrasada pela incompetência do (des)governo petista. E sim no futuro, desde que São Paulo nunca mais sofra o flagelo de uma administração do PT, como aquela de Luiza Erundina, que teve em Whitaker seu líder na Câmara Municipal.
Possuído pela fúria inquisitória de um Torquemada, Whitaker não se preocupa com fatos ou argumentos, mas apenas prodigaliza adjetivos e xingamentos, como "sanha", "pior", "autoritarismo" etc. Como não pode comparar as obras que geraram milhares de empregos na atual gestão com a única obra realizada no governo petista -a reurbanização do Anhangabaú-, o vereador raivosamente apenas xinga e agride.
Como também não pode comparar a privatização da CMTC com o desperdício dessa empresa na gestão passada, com 27 mil funcionários, a maioria cabos eleitorais, engolindo mais de US$ 1 milhão por dia, o vereador ataca e xinga.
Mas tem mais. Ele não xinga apenas o prefeito. Xinga seus próprios colegas vereadores, que seriam, segundo suas palavras, "comprados com vantagens e favores". Sempre se escondendo atrás da omissão.
Despudoradamente ele fala em contrapartida de empreiteiras para fundo de campanha, quando seu partido foi generosamente contemplado pela Odebrechet nas campanhas para os governos estaduais, inclusive a de José Dirceu, atual presidente da legenda, nas eleições passadas.
Em matéria de escândalos, o governo do qual foi líder foi recordista absoluto: caso Lubeca, caso Shell na reforma de Interlagos, compras superfaturadas de porcas e arruelas para estoque de dezenas de anos na CMTC, entre outros, que geraram inquéritos e processos na polícia e na Justiça.
Assim, no futuro, a história pode até não registrar a atual administração Maluf como a melhor que São Paulo já teve. E mais: acredito que a história nem sequer se lembrará, não só do desastroso governo petista, mas principalmente de parlamentares que fazem da mentira, da leviandade e da covardia seus instrumentos para aparecer na mídia. Isso ficará na coleção do jornal, mas também na lata do lixo da história.

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