São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996
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Chefe de campanha acusa Samper

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O chefe da campanha eleitoral de Ernesto Samper acusou o presidente da Colômbia de saber que dinheiro do tráfico de drogas estava sendo usado para o financiamento de sua candidatura.
"O presidente está seriamente comprometido com o ingresso de dinheiro do cartel de Cali na campanha", disse Fernando Botero em declarações transmitidas na noite de anteontem por emissoras de TV do país.
Botero, ex-ministro da Defesa, está preso desde agosto, acusado de enriquecimento ilícito com o dinheiro da campanha.
Ele foi detido depois da denúncia do tesoureiro da campanha, Santiago Medina, de que US$ 6,2 milhões do cartel de Cali foram usados para financiar a campanha de Samper à Presidência em 94.
Botero afirmou que vinha mentindo para proteger o presidente e confirmou suas denúncias em depoimento dado ontem à Procuradoria Geral colombiana.
Samper voltou a afirmar que, se houve ingresso de dinheiro do tráfico na campanha, tudo ocorreu sem que ele soubesse.
O presidente disse que não renunciará. Ele acusou Botero de estar "mentindo para salvar-se" e convocou uma reunião emergencial de seu gabinete.
Em dezembro passado, uma comissão do Congresso concluiu as investigações sobre o caso e afirmou não ter provas para incriminar o presidente.
Botero publicou uma carta na edição de ontem do diário "El Tiempo". No texto, ele afirma que teme pela segurança de sua família, amigos e advogados e diz ter mandado seus dois filhos para fora da Colômbia.
"Não gostaria de ser a próxima vítima da violência, mas decidi assumir qualquer risco necessário e pagar qualquer preço para que o país possa finalmente saber a verdade", diz a carta.
Adiantando-se à possibilidade da renúncia de Samper ou de um processo de impeachment, Botero afirma na carta que o vice-presidente, Humberto de la Calle, não esteve envolvido no financiamento ilegal da campanha.
Após as denúncias, a renúncia de Samper foi pedida pelo Partido Conservador, de oposição, e por membros de seu próprio Partido Liberal. "Não lhe resta outro caminho senão renunciar", disse o ex-ministro liberal Juan Manuel Santos.
Centenas de estudantes fizeram ontem uma manifestação na praça de Bolívar, a principal de Bogotá, pedindo a renúncia de Samper.
Policiais impediram que o grupo se aproximasse do palácio presidencial, que teve sua segurança reforçada.

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