São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 1996
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Presidente libera ministros para eleição

DO ENVIADO ESPECIAL A BOMBAIM

O presidente Fernando Henrique Cardoso liberou ontem seus ministros a participar das eleições municipais, contrariando promessa ao presidente do PMDB, Paes de Andrade. Na busca de apoio no Congresso, ele assegurou ao PMDB, segundo relato de Paes, que seus auxiliares não entrariam na campanha eleitoral.
FHC liberou seus ministros enquanto visitava, em Bombaim, a "porta de entrada" da Índia, arco construído em 1911 para receber o rei inglês George 5º.
FHC disse que, pessoalmente, não participará das eleições. "Não posso controlar os ministros de cada partido", em referência ao PSDB, PFL e PMDB. O presidente afirmou também que a "máquina não vai ser usada".
Segundo ele, o envolvimento pessoal dos ministros na campanha eleitoral não significa, como é tradicional na história política do Brasil, exploração dos recursos públicos -o que, se descoberto, segundo sinalizou a assessores, provocaria desgaste ao governo.
O envolvimento dos ministros, acrescentou o presidente, deve ser "moderado". FHC não detalhou o que entende por "moderação".
Fernando Henrique está apenas avalizando o que já existe e não controla. Com ou sem autorização, seus ministros estão engajados nas eleições, consideradas o primeiro passo da sucessão de governadores e presidencial em 1998.
O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, por exemplo, já disse que, na condição de "cidadão", vai dar entrevistas e apoiar publicamente os candidatos do PSDB, onde quer que ele esteja.
Não se imagina que José Serra, do Planejamento, candidato a governador de São Paulo ou à Presidência, ficaria de fora da disputa de um cargo tão estratégico.
Se FHC não consegue enquadrar o PSDB, muito menos os ministros dos demais partidos. Todos os ministros políticos tem projetos eleitorais, como o da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, do PTB, candidato ao governo do Paraná em 1998.

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