São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 1996
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Distorções; Esclarecimento; Mau humor; Sugestão

Distorções
"A propósito das informações contidas nas colunas do sr. Janio de Freitas publicadas nos dias 23/1 e 24/1: as informações publicadas nas colunas do sr. Janio de Freitas nos dias 23/1 e 24/1 apresentam ao leitor uma série de erros e distorções, demonstrando que o colunista não conhece comércio exterior. Qualquer especialista no assunto certamente percebeu o emaranhado de falhas cometidas ao longo dos dois artigos. Antes de enumerá-las, porém, gostaria de sublinhar o fato de que minha integridade técnica e moral foram atingidas e, para isso, exijo, enfaticamente, o devido reparo. Com 20 anos de experiência em comércio exterior me permito tecer consideração acerca dos comentários -alguns sem pé nem cabeça- feitos pelo sr. Janio de Freitas, nos dias 23 e 24 de janeiro. Como todos que conhecem comércio exterior sabem, o único documento comprobatório de importação de qualquer produto é a Guia de Importação (GI), emitida exclusivamente pelo Banco do Brasil. Diferentemente do que foi escrito pelo jornalista, nenhuma das vias desse documento é remetida para o Decex, ficando as vias 1 e 4 sob a guarda do BB, enquanto as demais vias são destinadas: à SRF (via 2), sistema bancário (vias 3 e 6) e transportador (via 5). Obviamente, o atual levantamento estatístico da importação de automóveis está sendo feito pelo MICT com a ajuda do BB, já que é ele o guardião das Guias de Importação (GI). Essa análise, no entanto, pode ser checada por qualquer um dos outros órgãos do governo que recebem vias das GI (Secretaria da Receita Federal e sistema bancário -Banco Central). Apesar das exaustivas explicações dadas após a coluna do dia 23/1, que agora sei foram inúteis, os equívocos do colunista continuam no artigo do dia 24/1. Não são os Pedidos de Guias de Importação (PGI) que têm de ser guardados por 20 anos, e sim as Guias de Importação (GI). O colunista confunde PGI com GI. E mais, a GI não é transmitida eletronicamente ao Decex para exame, e sim o PGI, que se trata apenas de um protocolo de intenção de importação, nem sempre efetuada, seja por que o PGI não foi autorizado, seja porque o importador desiste de fazer a importação naquele momento. Outro equívoco! Ora, se o BB remete o PGI ao Decex e recebe a resposta do exame para só então emitir a GI, o BB tem o início e o fim da tal transmissão eletrônica. A impressão ou não dessa consulta é irrelevante, já que o sistema eletrônico do BB registra e armazena todas as informações para eventuais consultas posteriores. Que incrível a tecnologia! Logo, não há o que eliminar. Portanto, eu nunca poderia ter sentenciado o desaparecimento do que não existe, especialmente de qualquer documento relativo à importação de automóveis. Há um outro ponto que gostaria de enfatizar. A seriedade, a competência e honestidade dos funcionários do MICT e também do BB é que têm permitido a realização de todas as tarefas que lhes são conferidas. São técnicos de primeira! A propósito, eles são pagos pelo MICT, e não 'absurdamente pagos' pelo Banco, como afirmou o colunista. Essa é a versão correta. Espera-se que todas as fontes jornalísticas -nesse caso, sabe-se lá quais- sejam checadas e rechecadas, justamente para que o jornal não seja obrigado por lei a publicar a verdade."
Paulo Cézar de Freitas Samico, diretor do Departamento de Operações de Comércio Exterior da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo (Brasília, DF)

Esclarecimento
"Tendo sido citado pelo jornalista Fernando Rodrigues no artigo 'O segredo de Covas', publicado pela Folha em 21/1, gostaria de esclarecer o seguinte. Em nenhum momento nem o governo do Estado de São Paulo, atual e anterior, nem o Banco Central fizeram qualquer segredo do fato de que o acordo acerca da dívida de São Paulo para com o Banespa incluía tanto o Tesouro do Estado quanto as empresas dependentes desse mesmo Tesouro, tais como o Metrô, a Fepasa, a Cetesb, a Ceagesp ou a Dersa. Esse fato é público e notório, tendo já sido extensamente noticiado pela imprensa. O próprio acordo feito pelo governo anterior -aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (voto 092 de 1992)- incluía o Tesouro estadual e as empresas dependentes, e é esse acordo que está sendo renovado agora. Em suma, as negociações foram feitas de forma límpida e transparente. Nunca se escondeu nada a respeito, diferentemente do caráter 'obscuro' visto pelo jornalista. A razão desse tratamento conjunto é o fato de que essas empresas são dependentes do Tesouro estadual. Suas obrigações financeiras em relação ao Banespa dependem de aportes do Tesouro do Estado, que inclusive constam dos Orçamentos do Estado de São Paulo."
André Franco Montoro Filho, secretário de Estado de Economia e Planejamento (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Fernando Rodrigues - À custa do contribuinte, São Paulo vai gastar R$ 7 bilhões (o equivalente a cinco projetos Sivam) para limpar as dívidas de suas estatais. O secretário está chateado porque a Folha dá ênfase a esse assunto.

Mau humor
"Talvez seja a época do ano, onde os que ficam por cá, em paragens paulistanas, ou admirando as praias de seus escritórios cariocas, festejam uma verdadeira ode ao 'schlechte Laune' (é tão expressivo o termo em alemão para 'mau humor' que parece um prato com repolho azedo) por não estarem lá, entre tangas sumárias, águas-de-coco e sorrisos fáceis. A leitora Silvia de Souza ('Painel do Leitor', 23/1) é enfática no péssimo humor: '...as fotos de d. Ruth, na mesma situação, lembram, subliminarmente, a presença de FHC...'. É a apoteose, algo como uma ressaca de pinga com soda limonada. A sra. Marilene Felinto, porém, foi mais eficiente no pingar de bílis. Perfeito: conseguiu reunir toda tensão, talvez próxima e comum à pequena maré vermelha feminina, e descarregá-la na celulose esbranquiçada. Zapt, como uma foice, decapitou qualquer babaca como eu que poderia ter acordado com vontade de apenas dizer: Pô, meu, que dia legal! Que é que há gente? Jornalismo virou exercício de 'schlechte Laune'?"
Thomas Bussius, editor (São Paulo, SP)

Sugestão
"Em nome do Vicariato de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo quero parabenizar a Folha pela edição do novo especial Olho no Congresso, de 14 de janeiro. Os quatro cadernos já publicados tornaram-se referências obrigatórias na construção de nossa cidadania e ferramenta eficaz em nosso trabalho aqui na Cúria. Sugiro ao editor o lançamento de um novo caderno, 'Olho na Câmara Municipal de São Paulo', pela importância do Legislativo nessa metrópole, por estarmos em ano de eleições municipais e sabendo que a Campanha da Quaresma da Igreja Católica em todo o Brasil neste 1996 irá debater o tema da política. Teríamos em mãos o que sempre nos falta nas vésperas eleitorais: dados objetivos."
Fernando Altemeyer Junior, vigário coadjutor da comunicação da Cúria Metropolitana de São Paulo (São Paulo, SP)

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