São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 1996
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Uma promessa

FERNANDO RODRIGUES

BRASÍLIA - O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), está disposto a reduzir de 51% para 30% a participação acionária do Estado no Banespa até o fim de seu mandato.
O Estado de São Paulo ficará com 51% das ações com direito a voto do Banespa depois que for referendado, pela Assembléia paulista e pelo Senado, o acordo que repassou o banco de volta a Mário Covas.
A idéia de Covas depende de alguns fatores, conforme o governador relatou ontem a esta coluna, em telefonema que durou 59 minutos.
Para vender suas ações no Banespa, Covas quer ver sancionado o acordo com o governo federal. Com esse acordo, terá condições privilegiadas para saldar uma dívida de R$ 15,1 bilhões de São Paulo com o banco -juro de 6% ao ano e 30 anos de prazo.
Depois disso, Covas precisa enviar um plano de venda das ações do Banespa para a Assembléia. Pensa em manter algum poder com o Estado sobre investimentos sociais do banco.
"Não acho que seja fundamental, indispensável, o Estado ter um banco", afirmou o governador. Mas diz que, na atual conjuntura, seria ruim entregar ao setor privado toda a responsabilidade de investimentos que um banco estatal tem, digamos, na agricultura.
"O Banespa empresta mais para a agricultura em São Paulo do que o Banco do Brasil", é um dos argumentos do governador -que falou ininterruptamente durante os primeiros 23 minutos do telefonema de ontem.
Então, perguntou: "Você ainda está ouvindo?" Diante de uma afirmativa, Covas continuou a falar por mais 18 minutos. A partir do 42º minuto, deu-se o que se pode considerar uma entrevista. Foi quando surgiu a informação do primeiro parágrafo desta coluna.
O governador ficou desapontado com as críticas ao saneamento das dívidas de empresas estatais paulistas por causa do acordo do Banespa.
Ceagesp, Cetesb, Dersa, Fepasa, Metrô e Unesp devem, juntas, cerca de R$ 6 bilhões -e não R$ 7 bilhões- para o Banespa. A dívida deixará, definitivamente, os balanços dessas estatais paulistas e passará para o Estado.
Covas considera isso natural. É uma opinião. Agora, entretanto, promete uma contrapartida: vender parte do Banespa. É pouco. Mas é um avanço.
Desde que seja cumprida a promessa.

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