São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Maciel diz que ética veta participação em disputa

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente interino Marco Maciel disse ontem que considera o distanciamento do governo em relação às eleições um princípio "ético sob todos os aspectos". Maciel afirmou que conversará com o presidente Fernando Henrique Cardoso a respeito após seu retorno da viagem à Índia.
"O presidente traçou como diretriz e disse há muito tempo que vai observar um princípio que acho ético sob todos os aspectos: o de não envolver o governo na participação em quaisquer pugnas (disputas) eleitorais, quer no plano federal, dos Estados e dos municípios", disse Maciel.
"O que está em jogo são as eleições municipais que, embora sejam extremamente importantes, não devem envolver o governo e muito menos o presidente e o vice-presidente", completou.
As declarações do presidente interino foram feitas ontem pela manhã, um dia após FHC anunciar a liberação dos ministros nas campanhas de prefeitos deste ano.
À tarde, o presidente interino negou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que essa fala fosse relativa à participação dos ministros nas campanhas.
"Quando mencionei que o governo não se envolverá, me referi a não-utilização da máquina e não aos ministros como pessoas físicas", declarou Maciel.
Fernando Henrique disse anteontem em Bombaim (Índia) que não poderá controlar os ministros de PSDB, PFL e PMDB, liberando-os para participar das campanhas municipais. Antes, segundo o presidente do PMDB, Paes de Andrade, ele teria dito que não permitiria essa participação.
Segundo Marco Maciel, FHC terá habilidade para conduzir essa questão sem comprometer o apoio da base parlamentar do governo.
"O presidente tem sempre em mira, ao decidir, o interesse de preservar a aliança e de fazer com que nós, que integramos a base parlamentar, continuemos unidos". Ele disse não acreditar em "acidentes de percurso" nas relações entre os partidos aliados durante o processo eleitoral.
Maciel também deu resposta vaga a uma pergunta sobre a intenção do ministro tucano Sérgio Motta (Comunicações) de atuar da campanha e sobre a disposição de FHC de admitir a participação moderada. "Tão logo ele (FHC) retorne, eu pretendo conversar com ele sobre esse assunto específico."

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