São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Vicentinho pede 1 mês para CUT se definir sobre acordo

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, disse ontem que, se o governo levar para votação o projeto da Previdência na próxima terça-feira, "vai estar atropelando o processo de negociação".
Vicentinho disse que pediu 30 dias ao governo para que a CUT defina posição sobre o acordo. "Se os pontos forem rejeitados, eu vou me curvar à posição da central com coragem e dignidade."
Vicentinho afirmou que acredita que a CUT vai aprovar os pontos acordados com o governo, principalmente se for mantida a aposentadoria proporcional para os trabalhadores do setor privado.
"Quando disse que preferia sair da central a ter de quebrar minha palavra, estava só deixando claro que não vou me submeter às pressões externas à CUT", disse ele.
As declarações de Vicentinho durante o processo de negociação com o governo estão causando um alvoroço dentro da central.
Hoje, haverá plenária da Articulação Sindical estadual, corrente de Vicentinho, para que sejam colocados os "pingos nos is"'.
Mesmo na Articulação, há polêmicas sobre a atuação do presidente da CUT. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, em seu jornal oficial, disse, na segunda-feira, que as centrais se precipitaram e que iria lutar contra o "meio acordo" firmado com o governo.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, Heiguiberto Guiba Navarro, grande aliado de Vicentinho, considerou os métodos do sindicato inadequados. "A entidade não deveria ter criticado Vicentinho publicamente em uma situação delicada dessas."
A definição sobre quais instâncias da CUT devem se reunir para definir se a central aceita ou não o acordo também será polêmica na reunião da Articulação de hoje.
Vicentinho fala em reunião das direções nacional e estaduais da CUT. Os funcionários públicos propõem plenária de sindicatos.
"Poderemos até optar por tudo isso. Temos 30 dias", disse o diretor da CUT Marcelo Sereno.
Plenária de servidores públicos chegou até a sugerir um Congresso extraordinário, que possa alterar a direção da central. "Nosso congresso é em 97", disse Sereno.
Remigio Todeschini, tesoureiro da central, afirmou que a reunião de hoje vai também preparar paralisações para o dia 30.
Fora da Articulação, as correntes mais à esquerda da CUT defendem a plenária. "O Vicentinho diz uma coisa e depois volta atrás. A culpa não pode ser só da imprensa. Todos os sindicatos da CUT precisam debater isso, e não só a cúpula", disse José Maria de Almeida, diretor da central e presidente do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, antiga Convergência Socialista).

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