São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Militares dos EUA com HIV serão expulsos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, decidiu assinar a lei orçamentária para o setor de defesa do país que inclui disposição para expulsar das Forças Armadas todos os portadores do vírus HIV, que provoca a Aids.
Há 1.049 pessoas, homens e mulheres, nessa situação, que serão despedidas. Clinton havia vetado antes leis similares por discordar desse procedimento.
As Forças Armadas fazem exames periódicos em todos os seus componentes para detectar quem é portador do HIV.
Até agora, essas pessoas eram tratadas da mesma forma que os enfermos com câncer e outras doenças que podem resultar em morte mas que durante algum tempo não impedem seus portadores do pleno exercício de suas funções.
Representantes da comunidade homossexual dos EUA protestaram ontem contra a decisão de Clinton de assinar a lei.
O patrocinador da proposta, deputado Robert Dornan, aspirante à candidatura presidencial do Partido Republicano, justifica a medida com o argumento de que os portadores de HIV são "uma carga para os colegas".
Dornan diz que a maioria deles é de "homossexuais, viciados em drogas ou frequentadores de prostíbulos", e que fazem parte de "um grupo político protegido do presidente Clinton".
O presidente foi eleito em 1992 com o apoio ostensivo de todos os grupos representativos de homossexuais e portadores de HIV, mas durante seu mandato tem sido criticado de maneira enfática por eles.
A lei de orçamento para a defesa também proíbe todos os hospitais militares dos EUA de realizarem abortos. Este havia sido outro motivo pelo qual Clinton havia vetado a proposta no passado.
A lei determina que a dispensa dos portadores de HIV tem que ser feita no prazo máximo de seis meses após a sua sanção, que deve ocorrer na próxima segunda-feira.
A proposta de Dornan aloca US$ 265 bilhões ao Departamento da Defesa durante o ano fiscal de 1996, iniciado em 1º de outubro último, cerca de 15% a mais do que Clinton havia sugerido.
A Casa Branca disse que Clinton foi obrigado a aceitar as provisões da proposta de Dornan porque de outra forma o governo norte-americano não teria como cumprir os compromissos que assumiu com a implementação do acordo de paz para a ex-Iugoslávia.
(CELS)

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