São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Tchan e garrafa explicitam sexo no Carnaval

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde a origem, Carnaval e sexo estão ligados. Mas este ano duas danças criadas na Bahia resolveram partir para o explícito.
A dança da garrafa consiste em requebrar e ir se abaixando até encostar o púbis na boca de uma garrafa que fica no chão. Vale de frente ou de costas. No final, é preciso derrubar a garrafa.
Para acompanhar a música "É o tchan", os baianos do grupo Gera Samba criaram a dança do "tchan".
Com contrações, movimentos de braços, mãos e joelhos, os dançarinos seguram o "tchan" e amarram o "tchan". A música manda ainda meter em cima e embaixo e depois de nove meses ver o resultado.
Ninguém sabe ao certo o que é o "tchan". A Folha fez essa pergunta a algumas pessoas que estiveram recentemente na Bahia. As respostas vão do erótico ao filosófico (leia na página 2).
Mas a julgar por aquilo que essas duas danças provocam nas casas noturnas de São Paulo e na Bahia, entre os dia 16 e 20 de fevereiro o Brasil vai contribuir para aumentar as 100 milhões de relações sexuais que acontecem no mundo diariamente, segundo a Organização Mundial da Saúde.
"Quando eu vejo uma menina derrubando a garrafa com o rebolado e o suor descendo nas suas costas, sinto alguma acontecer dentro de min. É muito excitante", dizia de olhos arregalados o estudante Evandro Soares de Oliveira, 20, na Reggae Night, casa noturna na zona sul de São Paulo onde as danças da Bahia ganham uma hora e meia por noite.
O Carnaval de rua de São Paulo e Rio não ficam de fora da onda explícita.
A Beija-Flor de Nilópolis, no Rio, entra na Sapucaí com 18 homens usando fantasias em formato de um pênis de 1,5 metro e 14 mulheres "vestindo" uma vagina de 0,5 metro.
A Mocidade Alegre, em São Paulo, traz o enredo "Uma história de luxúria e vaidades" e vai levar para o sambódromo Malu Bailo, a rainha do pornô nacional, sobre uma enorme bunda e com seios de fora. A Pérola Negra terá dois carros com homens seminus.
Para completar, a música popular brasileira não-baiana, mas que também vai estar nos trios elétricos, deixou a sutileza de lado.
Basta ouvir os Mamonas Assassinas ("me passaram a mão na bunda, ainda não comi ninguém") e os Raimundos ("se ela tá tremendo é que ela gostou do meu pau").

LEIA MAIS
sobre o carnaval da pág. 2 à 4

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