São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Garçom deve ser mais bem qualificado

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um público cada vez mais exigente está fazendo com que a profissão de garçom deixe de ser encarada com amadorismo.
"A grande dificuldade, hoje em dia, está em encontrar profissionais qualificados", afirma José Carlos Alves de Souza, 46, um dos donos do Ponto Chic, restaurante que começou a exigir no mínimo segundo grau completo.
A categoria não tem números precisos sobre a profissão. Sabe-se que há cerca de 50 mil sindicalizados no Estado de São Paulo.
Os dados são do Sindicato dos Empregados em Hotéis, Motéis, Restaurantes, Bares e Similares. "Há muita falta de registro", diz Gilberto José da Silva, 45, garçom e vice-presidente do sindicato.
Também há uma rotatividade que incomoda os donos de estabelecimentos. Isso porque os garçons nem sempre aguentam muito tempo em um mesmo lugar.
Uma das reivindicações do sindicato é solicitar uma aposentadoria diferenciada -por 25 anos de serviço, por exemplo.
A trajetória profissional geralmente começa como balconista de um bar, passa a chapeiro, lancheiro e depois garçom.
"Cerca de 80% dos donos já foram empregados no ramo", afirma Massimo Ferrari, dono de um dos mais renomados restaurantes de São Paulo, o Massimo.
"A função do garçom é atender bem", explica. Segundo ele, o profissional deve estar preparado para sacrifícios -permanecer muitas horas de pé, por exemplo.
"É imprescindível gostar de servir e ajudar as pessoas. O bom profissional chama a atenção", afirma Massimo.
Ele concorda que, se o profissional trabalhar bem, consegue dinheiro para comprar um estabelecimento próprio, principalmente com as gratificações que são pagas pelos fregueses.
A remuneração varia de acordo com o restaurante. Mas a maioria ainda paga somente o piso da categoria -a baixa quantia de R$ 265 mensais- e gratificações que variam de acordo com o número de atendimentos.
No Ponto Chic, o profissional recebe, além do piso, um sexto dos 10% cobrados na conta (os outros 4% ficam para os profissionais da cozinha). Segundo os proprietários, é possível ganhar entre R$ 1.200 e R$ 1.500.
Os principais pré-requisitos para entrar na profissão de garçom são ter paciência, boa vontade, apresentação e não ser tímido.
Alguns estabelecimentos dão treinamento. Mas há outras opções, como o curso do Senac (leia ao lado), onde são abordados aspectos como higiene, apresentação pessoal e relação interpessoal.
"Alguns tratam as pessoas como 'tio' ou 'tia', dão tapinhas nas costas, o que é errado. É preciso ser cordial sem chegar à intimidade", define João José Corrêa, 27, um dos coordenadores.
Hoje em dia, o primordial é o bom atendimento. Uma das disciplinas ministradas no Senac, que se chama Resolução de Situação de Emergência, ensina o garçom a nunca discutir com o cliente e o que deve ser feito caso ele solicite determinado serviço.
"Há casos em que o garçom contesta o freguês, apesar de estar errado", diz o coordenador.

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