São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Inquilinos procuram repartir despesas

DA REPORTAGEM LOCAL

A recuperação do valor do aluguel foi boa para os proprietários de imóveis, mas está fazendo muitos inquilinos "coletivizarem" os apartamentos em que moram.
Preocupados com o impacto do aluguel em seus gastos pessoais, recorrem a qualquer tipo de providência para encontrar interessados em "rachar" as despesas mensais.
"Fiz um anúncio e fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que me responderam", diz a secretária Simone Correia, 27.
Ela está procurando uma pessoa para repartir o aluguel do apartamento de dois quartos em que mora há três meses no bairro de Perdizes (zona oeste).
Simone perdeu seu emprego logo após mudar e, agora, está com dificuldades para pagar o aluguel de R$ 600, além das taxas de condomínio e a locação de uma linha telefônica, que elevam a despesa mensal para mais de R$ 900.
Para melhorar sua situação, já encontrou uma estudante universitária que topou ajudar a pagar as despesas mensais e espera conseguir ainda mais uma locatária.
"Vou perder um pouco a minha liberdade, mas hoje está muito difícil morar sozinha."
O problema de procurar alguém para repartir o aluguel é encontrar uma pessoa de confiança.
A futura companheira de apartamento de Simone, por exemplo, foi indicada por algumas freiras conhecidas de ambas.
Outros inquilinos utilizam táticas quase profissionais, como exigir que o interessado comprove uma renda mensal suficiente para arcar com as despesas.
Já a compradora Maria Helena Carvalho realiza entrevistas com as interessadas. "Dependendo do jeito da pessoa, topo repartir o apartamento", diz ela.
Maria Helena mora em um apartamento de um quarto que fica na Bela Vista (centro) e está procurando uma garota para repartir o aluguel de R$ 450.
"Sempre procurei dividir essas despesas." Ela já mora há dez anos no imóvel.
Mas Maria Helena enfrenta um outro problema comum para quem reparte o aluguel. Uma das partes pode, de uma hora para outra, "abandonar o barco"'.
Nesses dez anos, por exemplo, Maria Helena já repartiu o imóvel com duas garotas. "Uma casou e a outra decidiu morar sozinha."

Texto Anterior: CARTAS
Próximo Texto: Pensionato é opção econômica
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.