São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Candidatura Forbes cresce nos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Quando lançou sua candidatura à Presidência dos EUA em setembro passado, o empresário Malcolm Steve Forbes Jr. só era conhecido por alguns milhões de norte-americanos, a maioria leitores da revista "Forbes".
Agora, 15% dos filiados ao Partido Republicano, a que pertence, dizem preferi-lo como o adversário de Bill Clinton em novembro e 39% dos eleitores votariam nele numa eleição entre ele e o atual presidente norte-americano.
É bem verdade que 40% dos republicanos ainda acham que o senador Bob Dole é o melhor candidato que o partido pode ter este ano e que Clinton tem a preferência de 46% dos eleitores numa hipotética eleição contra Forbes.
Mesmo assim, Forbes já fez muito mais do que qualquer analista esperava dele há apenas quatro meses: conseguiu se destacar do bloco de nove desafiantes de Dole como o único capaz de fazer frente ao favorito.
Mais do que isso, está encostando no senador nas pesquisas de intenção de voto nos Estados de New Hampshire e Iowa, onde se disputam os primeiros e decisivos delegados à convenção nacional do Partido Republicano.
Já há até quem ache possível que Forbes tire de Dole a candidatura da oposição que parecia destinada a ele desde que o general Colin Powell anunciou sua desistência de concorrer a cargo eletivo no ano passado.
O fenômeno tem duas explicações: muito dinheiro e uma mensagem simples e de forte apelo popular (a idéia da alíquota única no imposto de renda).
Forbes, 48, reservou US$ 25 milhões de sua fortuna para a campanha, mais do que todos os outros aspirantes à candidatura republicana têm juntos e o suficiente para comprar horas de anúncios de TV em Iowa e New Hampshire.
Embora esteja longe de ser um bom orador, Forbes é capaz de fazer discursos convincentes na TV, transmite convicção e confiança.
A súbita condição de principal oponente do favorito de Dole já lhe traz problemas: virou alvo dos ataques de todos os demais competidores.
O ponto onde eles mais batem é a recusa do empresário em tornar públicas suas declarações de imposto de renda. Dole já entregou a jornalistas suas declarações dos últimos 30 anos.
Forbes diz que seu imposto é assunto particular, que o desafio os adversários é fruto de inveja de pobre e que o eleitor norte-americano não está preocupado com os bens do candidato e sim com a sua competência.
Com críticas aos políticos tradicionais, elogios à eficiência empresarial, discurso de homem bem-sucedido, Forbes chama a atenção dos eleitores e já pode ser considerado como a surpresa da eleição de 1996.

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