São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Bancos têm pouca verba para bancar expansão

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é fácil -nem barato- pegar dinheiro emprestado nos bancos para financiar expansão de micro e pequenas empresas.
Após mais de um ano de inadimplência, os bancos estão bastante rigorosos na concessão de crédito. Analisam, com muito cuidado, a ficha da empresa, suas dívidas e suas contas a receber.
Outro problema são os juros. Mesmo quando as taxas são mais baixas para as empresas de pequeno porte, elas estão em patamar muito acima do rendimento de qualquer aplicação financeira.
A linha de capital de giro do Bradesco cobra juros de 4,5% para empréstimos à pequena empresa garantidos com duplicata. Para empresas de maior porte, o mesmo empréstimo tem juros de 6%.
"Os bancos até destinam recursos para as microempresas, mas o custo do dinheiro está muito caro", diz Carlos Baião, gerente de crédito e comercialização do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
E nem todas as instituições financeiras têm linhas próprias para os pequenos. Eloi Moccellin, chefe do departamento de operações do Banespa, conta que o banco já teve uma linha de financiamento complementar ao BNDES para expansão de microempresas.
"A situação econômica do Banespa não nos permite fazer empréstimos de longo prazo", diz.
Na carteira de crédito dos bancos, a linha mais usada é o empréstimo para capital de giro.
Nessa tendência, foi lançada, na semana passada, o Sebrae-Bamerindus -linha de crédito para empresas de pequeno porte.
"Passada a tempestade de 95, vai surgir um cenário propício a investimentos", acredita Celestino Vidal, diretor do Bamerindus.
Vidal afirma que não está descartada, em uma segunda fase, a criação de linhas de financiamento para a expansão dessas empresas.
As instituições ligadas ao governo ainda são as fontes com mais recursos.
A Finep tem verba para o desenvolvimento tecnológico (inclusive para parcerias com universidades), gestão da qualidade e desenvolvimento de infra-estrutura, por exemplo.
A partir de um convênio com o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), a Finep tem uma verba de R$ 75 milhões para projetos que vão gerar empregos e renda.
Nos financiamentos do Banco do Brasil, estão projetos em parcerias com as prefeituras do interior -de apoio às cooperativas ou ao setor informal da economia.
"Mas os recursos são restritos. Com a inadimplência, diminui volume de recursos para serem emprestados", diz Antônio de Padua, do departamento de crédito do BB.

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sobre financiamento na pág. 8-2

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