São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Brasileiros elogiam as motos do Granada-Dacar

MARCELO DIEGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ter motos preparadas para enfrentar 7.579 km -dos quais 6.280 km no deserto- em 16 dias foi o desafio dos pilotos brasileiros no rali Granada-Dacar.
Klever Kolberg, 32, e os irmãos André, 35, e Jean Azevedo, 21, acham que o resultado foi positivo. "Nunca dirigi uma moto tão competitiva como esta", diz André, que correu pela nona vez.
A moto usada pelos brasileiros foi uma KTM, fabricada por encomenda na fábrica francesa.
Não houve diferença na preparação das motos. Os amortecedores foram reforçados para suportar o peso da moto -350 kg. Os tanques tinham capacidade de 42 litros, com autonomia de 350 km.
"Não houve tempo de testá-las. Elas ficaram prontas quase no dia da largada (30 de dezembro), por causa da greve geral na França, em dezembro", afirma Kolberg.
Os três participaram da categoria maratona, na qual é proibida a troca do motor. Daí a necessidade de um equipamento que aliasse confiabilidade à competição.
O motor, de 620 centímetros cúbicos (cc) e 90 cavalos-vapor (cv) de potência, não apresentou problemas. "Pelo contrário, quando exigido, respondeu bem. Mantínhamos uma velocidade de uns 180 km/h", diz André.
Segundo Kolberg, foram usados aditivos e lubrificantes iguais aos vendidos no mercado brasileiro.
Uma das maiores dificuldades, segundo os pilotos, era quando surgia algum problema mecânico imprevisto. Para estas situações, carregavam sempre 5 kg de ferramentas e uma sacola com itens como corda, sabão, fita e arame.
Os problemas mais comuns eram os furos de pneus e as quebras decorrentes de quedas.
O primeiro foi resolvido com o uso de uma espuma especial, feita pelo fabricante Pirelli, que impedia furos. Quando o material se decompunha, o pneu era trocado.
Já o segundo problema não teve solução. "Sempre há o risco do imprevisto", diz Jean, que participou do rali pela primeira vez.
Jean, 9º lugar na maratona, teve de trocar a corrente do motor e chegou ao final sem farol e planilha de navegação, decorrente de uma queda em uma duna de areia.
Kolberg, 3º lugar, enfrentou problema pior. Após cair, o "T" (peça que compreende o guidão e a suspensão) quebrou. Rodou com uma improvisada corda atando a parte quebrada até achar outra KTM abandonada no trajeto.
"Desmontei a peça e improvisei em minha moto. Para desentortar, tive que usar pedras e o material que estava disponível", afirma.
André Azevedo não teve mesma sorte. Após a quebra do cubo interno de sua roda, passando por uma região extremamente pedregosa, foi recolhido pelo carro da organização e desclassificado.
"É o problema: as motos têm aros muito grossos, fortes, para resistir ao impacto. Só que você reforça um ponto e deixa outro mais fraco", lamenta.
Para 97, os brasileiros pretendem competir também com um carro. "Estamos negociando com Ford, Mitsubishi, Nissan e Toyota. Poderemos até guiar um protótipo (especialmente fabricado para o rali)", diz Kolberg.

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