São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lanchas atropelam e matam 2 banhistas

DA FOLHA VALE; DA SUCURSAL DO RIO

Engenheiro é atingido por ski banana no litoral norte de São Paulo e mergulhador sofre acidente no Rio
Duas pessoas morreram em acidentes com lanchas neste final de semana em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, um turista morreu atropelado por uma lancha que puxava um ski banana na praia das Palmeiras.
A lancha pertence ao vereador de Caraguá Manoel Avelino dos Santos (PPS).
O engenheiro civil Paulo Roberto Stoppa, 38, de São Paulo, foi atingido pela hélice da lancha a menos de 20 metros da praia. Ele teve o rosto e parte do corpo dilacerados. Stoppa morreu no local.
Esta foi a segunda morte relacionada a esportes náuticos no litoral norte de São Paulo nos últimos quatro meses. Em setembro, o menino Robson Monteiro, 12, morreu atropelado por um jet ski.
O acidente foi por volta das 17h de anteontem. Stoppa estava brincando na água com amigos quando a lancha se aproximou da areia para atracar, puxando um ski banana com cinco pessoas.
O piloto da lancha, Berceval Mortari, 53, disse que o engenheiro foi atingido pela hélice quando mergulhou para tentar escapar da embarcação.
Mortari, que trabalha para o vereador Santos, foi preso em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de cometer o crime).
Segundo a delegada Arlete Maria de Carvalho Neves, 48, ele pode pegar de um a três anos de detenção, caso seja condenado. Ele foi libertado no sábado à noite, depois de pagar fiança de R$ 720.
Os cinco ocupantes do ski banana não foram identificados. Eles se dispersaram após o acidente.
Arlete disse que o piloto apresentou o alvará da prefeitura expedido em nome do vereador permitindo o aluguel de ski banana na praia das Palmeiras.
Segundo ela, o vereador não pode ser responsabilizado pelo acidente porque não estava pilotando a lancha.
O vereador disse anteontem à noite que soube do acidente por meio da reportagem da Folha. Ele disse que não poderia dar declarações porque não sabia detalhes.
O engenheiro era casado e tinha dois filhos. Segundo a delegada, sua mulher, Eloísa de Cássia Sardinha Stoppa, 32, esteve na delegacia "nervosa e muito abalada".
Rio
No Rio de Janeiro, o mergulhador profissional Eric de Oliveira Costa, 22, morreu na praia da Barra da Tijuca (zona sul), atropelado por uma lancha que estaria navegando próximo à praia, fora do limite de 200 metros de distância estabelecido pela legislação.
O acidente ocorreu na tarde de sábado, mas o corpo do mergulhador só foi localizado na manhã de ontem, pelo mergulhador Antônio Carlos Gomes. A lancha ainda não foi identificada.
Segundo a única testemunha do acidente, o também mergulhador Igor Pereira Carneiro, 29, amigo da vítima, Eric Costa estava utilizando bóia de marcação para sinalizar o local onde estava mergulhando.
Ele disse que não conseguiu ver a identificação da lancha mas afirmou que pode reconhecê-la se ela aparecer nas filmagens das embarcações que são feitas em dias de grande movimento pelo Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros da Barra.
Se identificado, o piloto da lancha deverá ser indicado por homicídio culposo (não intencional), com o agravante de omissão de socorro.

Texto Anterior: 40 são presos após "arrastão"
Próximo Texto: Calor em SP atinge 33 graus
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.