São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 1996
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Diretora da Christie's defende arte latino-americana

KATIA CANTON
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O leilão de arte da Europa e dos Estados Unidos cresceu e muitas filiais foram abertas. Mas nesse jogo de bate-martelo, obras latino-americanas só entraram 215 anos após a Christie's começar a leiloar obras de arte, em 1766.
Por trás dessa história recente está a diretora do Latin American Art da Christie's de Nova York, Lisa Palmer, que fundou o departamento em 1981.
Sua participação foi crucial no leilão de 21 de novembro de 1995 que, em três minutos e pelo preço recorde de um US$ 1.300, passou a tela "Abaporu", de Tarsila do Amaral, das mãos do empresário brasileiro Raul Forbes para as do argentino Constantini.
Lisa Palmer esteve em São Paulo por dois dias, na semana passada, e concedeu entrevista à Folha.
*
Folha - Como surgiu o interesse pela arte latino-americana nos leilões internacionais?
Palmer - Aconteceu no início dos anos 80, quando o mercado para a arte norte-americana e européia estava desgastado, com preços superinflados.
Folha - Como está o mercado de arte latino-americana hoje?
Palmer - Crescendo muito apesar de flutuações decorrentes de políticas econômicas dos países.
Folha - Qual a razão desse crescimento?
Palmer - Pouco a pouco, a arte latino-americana está ficando mais conhecida internacionalmente. Isso ainda não se aplica aos artistas contemporâneos, apenas aos mestres modernos.
Folha - Que obras brasileiras a senhora escolheu para o leilão de maio em Nova York?
Palmer - Isso eu não posso dizer. Digo apenas que se tratam de artistas modernos.
Folha - Em ordem de importância, quais os países que mais vendem nesses leilões?
Palmer - O México é o país latino-americano com mais tradição internacionalmente. Frida Kahlo, Diego Rivera, Rufino Tamayo, Orozco vendem muito. Cuba também está se tornando um mercado forte, com artistas como Wifredo Lam, René Portocarrero e Ponce de Leon. Depois vem a Colômbia e então o Brasil.
Folha - Quais são os artistas brasileiros mais comerciáveis nos leilões nova-iorquinos?
Palmer - Em primeiro lugar, Portinari e Di Cavalcanti. Depois Arcângelo Ianelli, Manabu Mabe, e Antonio Henrique Amaral.
Folha - E Tarsila do Amaral?
Palmer - Não é muito conhecida. O que aconteceu no leilão de novembro foi incrível.
Folha - Como o "Abaporu" conseguiu um preço tão alto?
Palmer - É de fato uma obra importante, que marca o modernismo brasileiro. E também foi muito bem trabalhada. O ex-proprietário soube divulgar essa obra, emprestando-a para várias exposições internacionais, isto é, garantindo a exposição da obra. Isso deve fazer parte do trabalho de um colecionador.

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