São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 1996
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Covas estuda definição de ensino religioso

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas está estudando o que fazer com o relatório da comissão especial formada em junho passado pela Secretaria de Estado da Educação para orientar como deve ser o ensino religioso na rede estadual.
O relatório confirma as posições que a secretária da Educação, Rose Neubauer, defendeu no início de 1995: as escolas têm de oferecer ensino religioso -já que isso é determinado pela Constituição-, mas ele não deve ser custeado pelo Estado e não pode interferir nas aulas regulares dos estudantes.
Só que, ao saber da posição da Secretaria da Educação, a Igreja Católica -representada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)- afirmou que isso era inconstitucional.
O resultado foi a formação da comissão, após um acalorado debate que se estendeu até setembro.
Mas, no relatório -de 2 de janeiro-, a comissão chegou à mesma conclusão de Neubauer.
Agora, Covas terá de decidir se enfrenta a resistência que essas medidas causarão na CNBB -que tem cerca de 6.500 professores formados para concorrer às vagas de ensino religioso.
A CNBB defende, desde o governo Fleury (1991-1994), que o ensino religioso ocorra no período de aulas e que os professores sejam pagos pelo governo.
Conseguiu, no último mês de Fleury à frente do governo, aprovar uma resolução obrigando o Estado a custear o ensino. Neubauer a revogou ao assumir a pasta.
A comissão foi formada por representantes da própria Secretaria da Educação, da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania, da Procuradoria Geral do Estado, do Conselho Estadual de Educação, da Universidade de São Paulo e da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Ensino).
Foram ouvidas as posições de cerca de 30 entidades ligadas à educação ou a religiões -de cultos afro à própria CNBB.
A base legal para a decisão da comissão veio de um parecer da professora livre-docente da Faculdade de Direito da USP Anna Cândida da Cunha Ferraz, indicada pela reitoria da USP.
Segundo o relatório, a separação entre Estado e Igreja definida pela Constituição impede que o governo interfira no conteúdo das aulas. Mas ele deve fiscalizar para que a oferta seja democrática.

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