São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 1996
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Chuvas enchem represas, mas rodízio continua na zona leste

DA REPORTAGEM LOCAL

As chuvas do verão encheram as represas que abastecem São Paulo e obrigaram a Sabesp a jogar água fora, mas em bairros que participam do rodízio falta água mesmo nos dias em que as casas deveriam ser abastecidas.
A principal explicação para isso, segundo o diretor de operação da Sabesp, Antônio Marsiglia Netto, está na baixa capacidade da rede em distribuir a água.
Segundo ele, a demanda da região metropolitana é 7% maior que a capacidade de distribuição.
A solução, para Marsiglia, está na construção de pequenas obras que devem normalizar o abastecimento em três anos.
Ele argumenta que o número de pessoas atingidas pelo rodízio baixou de 6 milhões para 4,2 milhões de 1995 para este ano.
Por enquanto, moradores de vários bairros têm que conviver com faltas de água inesperadas.
Em Vila Nova York (zona leste de SP), onde, pelo rodízio da Sabesp, deveria haver água, ontem moradores esgotavam as reservas.
Lourdes Dourado, 31, deu banho na filha com a água reservada anteontem. Ela diz que não consegue saber quando vai faltar água.
Em Guaianazes (zona leste), falta água há dois dias. A única reserva que a família de Adélia Silva tem é uma bacia. O latão, cheio no domingo, último dia em que houve água no bairro, está vazio.
Seus quatro filhos não tomam banho há dois dias e a roupa não é lavada há uma semana. Na semana passada, faltou água cinco dias.
"Veio um carro pipa na quinta-feira, mas meu marido só conseguiu pegar um baldinho", diz Adélia. Ela consegue água com os vizinhos, Aluísio e Josefina, que têm um reservatório maior. A casa não tem caixa d'água.
Na sexta-feira passada, moradores queimaram quatro caminhões da estação da Sabesp, em protesto contra a falta de água. Guaianazes faz parte do rodízio há dez anos. Marsiglia diz que o problema na região é que a distribuição, de 250 litros por segundo, não cobre a demanda, de 500 litros por segundo.

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