São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 1996
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REPERCUSSÃO

Claudio Haddad, diretor do Banco Garantia: "Não faz sentido desvalorizar o câmbio mantendo o juro atual pois isso implica futura desvalorização, a não ser que o BC intervenha no mercado e segure a taxa. O mercado hoje abre nervoso mas é a mesa do BC que vai sancionar ou não o aumentio do dólar. Se ele subir até o teto será ruim.

Eduardo Giannetti da Fonseca, professor de economia da FEA-USP: "A decisão demonstra certa preocupação do governo com o equilíbrio das contas externas em 96, em especial com o desempenho do setor exportador. A medida, porém, só será boa se for acompanhada de uma redução mais agressiva da taxa de juros e do ajuste fiscal."

Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC: "Uma mudança como esta tinha mesmo de ocorrer. É natural. A cotação vinha variando entre 0,6% e 0,7% todo mês. O mercado já esperava. Mas, na prática, a política cambial do país não opera em sistema de banda. O BC fixa as cotações no dia-a-dia."

Álvaro Augusto Vidigal, presidente da Bolsa de Valores de São Paulo: "A medida é muito boa, torna o Brasil mais competitivo. Rompe-se, finalmente, a barreira psicológica do R$ 1,00 por US$ 1,00. A longo prazo, não afeta a Bolsa de Valores, embora possam haver alguns ajustes no primeiro dia."

Mario Bernardini, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo): "Queremos desvalorizações cambiais ainda que tardias. A medida é correta, embora venha com um ano de atraso. A medida não tem impacto nos índices de preços, visto que a previsão para janeiro é de uma inflação menor."

Fernão Bracher, presidente do banco BBA: "É uma medida de bom senso e está dentro da política de câmbio flutuante por bandas. A cotação já estava próxima do nível superior da banda. Assim, o BC demonstra que não haverá salto abrupto, mas que também não há imobilismo. É segurança para o exportador e dá espaço para o governo trabalhar até dezembro."

Henrique Meirelles, presidente do Banco de Boston: "Sou favorável. O aumento da banda é natural, pois ela não havia acompanhado, no último ano, a variação da inflação. Os saltos cambiais são positivos, uma vez que o país acumula muitas reservas em dólares. Pode-se esprar com tranquilidade o dólar a R$ 1,20 até dezembro. Hoje os mercados podem estar um pouco assustados."

Paulo Guilherme Monteiro Lobato Ribeiro, presidente do Banco Real: "É só psicológico. Não há nada dramático nisso. Essa medida deveria acontecer mesmo, pois aumentar o déficit comercial não é possível no Brasil. Não acho que a inflação venha a reboque se o dólar subir."

Edmundo Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos): "A medida onera as importações e atende às exportações, mas dentro do equilíbrio."
Lázaro de Mello Brandão, presidente do Bradesco: "É uma flexibilização natural da política econômica. O governo tem de ficar atento às exportações. Se o dólar passar de R$ 1,00 não será nada extraordinário. O aumento da banda é só um ajuste de margens. Não quer dizer que o dólar vá subir de repente."

Paulo Cunha, presidente do grupo Ultra e do Iedi: "Uma medida de realismo econômico. O BC já sinalizava desde sempre que o câmbio não é rígido. Mostra também que não há o tabu do R$ 1,00 por US$ 1,00. O limite superior da banda de R$ 1,06 pode não ser o que os exportadores queriam mas é melhor do que R$ 1,01".

José Mindlin, conselheiro do grupo Metal Leve: "É uma medida salutar. Foi sendo retardada mas era necessária porque o câmbio não acompanhou o aumento dos custos. Isso dificultou as exportações da indústria. O reajuste no câmbio tem que ser feito com cuidado."

Roberto Teixeira da Costa, presidente do capítulo brasileiro do Ceal (Conselho de Empresários da América Latina): "Atende parcialmente as pressões dos exportadores. É também uma resposta a alguns setores, entre eles o têxtil, que se mostram muito desesperados com o câmbio defasado. Não acredito que haja impacto nos preços porque a sociedade está madura."

Yeda Crusius (PSDB-RS), deputada, e ex-ministra do Planejamento (governo Itamar): "Não seria necessária uma desvalorização deste tamanho, pois as taxas de inflação estão se acomodando. Poderia ser feita mais suavemente."

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