São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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Para ACM, apoio de tucanos ao PT no 2º turno comprometerá a reeleição

MARTA SALOMON
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

Padrinho político do candidato favorito à Prefeitura de Salvador, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) afirmou ontem que a disputa em São Paulo pode "criar problemas" para o projeto de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
ACM classificou de "temerárias" duas hipóteses: o eventual apoio dos tucanos à candidatura de Luiza Erundina (PT) ou a revisão do apoio dos pefelistas a Celso Pitta (PPB). "O PPB poderia não ficar à vontade para votar a reeleição", disse.
No palanque do candidato Antônio Imbassahy (PFL), o senador prometeu "brigar" com FHC para garantir verbas federais para Salvador. "Isso faz parte da minha retórica", explicou à Folha o senador, que não cogita desembarcar da candidatura de FHC em 1998.
Na prática, a eleição direta de um candidato apoiado por ACM pela primeira vez em Salvador poderá custar ao governo federal o aval a um projeto orçado em até R$ 900 milhões, segundo cálculos feitos pelos adversários.
'Fura-Fila' baiano
ACM quer que FHC ajude a prefeitura a tirar do papel o projeto do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), uma versão mais simples do "Fura-Fila" proposto por Celso Pitta, em São Paulo, para o transporte de massa em Salvador.
Antônio Imbassahy disse que não calculou ainda o custo do projeto, um dos pilares de sua campanha. Mas adiantou que, se eleito, baterá à porta de FHC. "Se o governo apóia os metrôs de São Paulo e do Rio de Janeiro, não poderá discriminar a Bahia", disse.
Imbassahy pretende aproveitar o que sobrou da primeira tentativa de fazer circular o "bondinho voador", como é conhecido o projeto do VLT em Salvador. A obra, inacabada, começou há dez anos, durante a administração do prefeito Mário Kertész (PMDB).
O projeto é responsável pela maior parte da dívida de R$ 500 milhões que o novo prefeito vai herdar. "Vamos precisar do apoio do governo federal", insistiu ACM, sem poupar ataques à atual prefeita Lídice da Mata (PSDB -partido do presidente).
"A cidade é um lixo só, um caos", criticou ACM. Caso seja eleito, Imbassahy promete fazer uma "faxina" em Salvador nos primeiros dois meses de mandato.
Hegemonia
A vitória de Antônio Imbassahy ainda no primeiro turno -uma possibilidade apontada desde o início da campanha pelo Datafolha- já é comemorada antecipadamente por ACM.
A última pesquisa, publicada domingo, dá ao candidato do PFL 42% das intenções de voto, três pontos percentuais à frente da soma de seus adversários.
O senador seria o principal responsável pelo feito, segundo o candidato. "Minha eleição se deve à força dele (ACM), à popularidade dele", diz Imbassahy.
Entre os efeitos do resultado, o candidato destaca um: "liquidar o anticarlismo na Bahia". "A Prefeitura de Salvador era o último foco de oposição", disse.
Mesmo que perca em cidades do interior, ACM espera ver seu "cacife" político aumentado no momento em que pretende disputar a presidência do Senado.

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