São Paulo, terça-feira, 1 de outubro de 1996
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CNI vê 'riscos importantes' sem aprovação da emenda

GUSTAVO PATÚ
COORDENADOR DE ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documento divulgado ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta a não-aprovação da proposta de reeleição dos atuais governantes como um dos "riscos importantes" para a economia em 97.
A avaliação consta do "Informe Conjuntural" que a entidade edita mensalmente.
O documento foi publicado uma semana após a CNI ter declarado publicamente apoio à reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Otimismo
No relatório de setembro, é traçado um panorama otimista para o próximo ano.
Pelo texto, o único problema econômico à vista é o déficit comercial, com o volume das importações voltando a superar o das exportações.
Para os industriais, as ameaças ao controle da inflação poderão vir do governo, por aumento de gastos públicos ou por gerar insegurança no mercado.
'Cenário político'
"Existem também os riscos associados ao cenário político, principalmente quanto à não-aprovação da emenda da reeleição, o que poderia introduzir certa instabilidade no cenário macroeconômico."
Segundo José Guilherme dos Reis, chefe do Departamento Econômico da CNI, essa instabilidade viria da percepção, pelas empresas e pelos investidores, de que a continuidade do Plano Real não está assegurada.
Argumentos coincidentes
A tese da CNI utiliza argumentos semelhantes aos dos defensores no governo e no Congresso da reeleição de FHC.
Nos ministérios da Fazenda e do Planejamento, chega-se a traçar dois cenários para 97: um com reeleição (crescimento econômico de 5%) e outro sem (crescimento menor).
Mesmo deputados e senadores governistas, pouco afeitos aos temas econômicos, repetem que investidores estrangeiros podem deixar o país se a reeleição não for aprovada.
A CNI também faz projeções que coincidem com as do governo: crescimento de 4% a 5% no ano que vem, queda dos juros e do déficit público.
Equipe
Não se fala abertamente na equipe econômica, mas seus membros avaliam que o clima de reativação da economia esperado para o próximo ano ajudará a aprovar a reeleição.
O governo está disposto a pagar o preço pelo crescimento no ano que vem: aumentar o déficit comercial com a consequente alta das importações.
Para os industriais, há outro risco importante -o de os Poderes Executivo e Legislativo, diante do cenário cor-de-rosa traçado, relaxarem a austeridade nos gastos públicos.

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