São Paulo, quarta-feira, 2 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Produtor de soja e banco duelam em MT

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A área da soja em Mato Grosso não deve crescer na safra 96/97, apesar do ânimo dos produtores com o fim do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre as exportações.
Segundo as entidades rurais e a Secretaria da Agricultura do Estado, muitos produtores não conseguem financiar o plantio no BB (Banco do Brasil), devido à falta de bens para oferecer como garantia dos empréstimos e do excesso de certidões exigidas pelas agências.
Ocemat (Organização das Cooperativas do MT), Femato (Federação da Agricultura do MT) e a Secretaria da Agricultura do Estado estimam que o plantio repita a área da safra passada, 1,9 milhão de hectares, que foi 17% menor que a semeada em 94/95.
O superintendente do BB em Mato Grosso, Milton Luciano do Santos, contesta as entidades e o governo estadual.
"A orientação do banco é conceder crédito a todos os agricultores que saldaram as dívidas da safra passada, mesmo que não tenham novas garantias para oferecer."
Santos afirma que 90% dos clientes do banco pagaram em dia seus empréstimos referentes à safra 95/96.
"Não vejo solução para o problema do crédito. O BB quer se precaver de eventuais prejuízos em suas operações. Por isso, está mais seletivo", afirma Luiz Duarte Silva Júnior, subsecretário de Agricultura do MT.
Silva acrescenta que em várias agências do BB no Estado os gerentes estão exigindo até 18 certidões negativas do agricultor para conceder o financiamento.
O superintendente do BB admite que o banco possa ter burocratizado a concessão de crédito. Segundo ele, a burocratização é uma forma de assegurar a saúde financeira do banco.
Quando o BB verifica que há registro de dívidas executadas ou títulos protestados, é solicitado ao produtor que providencie certidões negativas comprovando que o problema já foi solucionado.
O presidente da Ocemat, Anton Huber, diz que Diamantino, no norte do Estado, apresenta a situação mais grave.
Segundo ele, dos 320 fazendeiros da cidade, 240 não possuem condições cadastrais para obter o crédito, porque ofereceram seus bens como garantia da securitização.
Outros 40 produtores, afirma Huber, não renegociaram suas dívidas e também não podem financiar a safra no banco.
Apenas 40 agricultores contam com bens disponíveis para oferecer como garantia dos empréstimos ao Banco do Brasil.
Na safra 95/96, segundo a Secretaria da Agricultura, a produção de soja em Mato Grosso alcançou 4,9 milhões de t, com queda de 10,4% sobre a safra anterior.

Texto Anterior: Chuva fraca em SP não melhora reserva hídrica
Próximo Texto: Área em Diamantino pode estacionar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.