São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Pintura de Hume opta pela espontaneidade

ESPECIAL PARA A FOLHA

O importante não são as flores, corujas ou silhuetas pintadas por Garry Hume. O importante é como ele pinta esses temas.
Nascido em 1962, na cidade de Kent, e hoje vivendo em Londres, Garry Hume faz parte de uma geração de artistas britânicos que ganhou destaque a partir do final dos anos 80, ao lado de colegas, como ele, formados pelo Goldsmith College. Junto com Ian Davenport, Simon Patterson e Fiona Rae, Hume expôs na coletiva "Freeze", organizada em 1988, em Londres, pelo artista Damien Hirst.
Hume usa pintura envernizada sobre painéis de madeira ou alumínio retratando, desde 1993, imagens multicoloridas que podem ser plantas, animais e pessoas. Essa pintura aparentemente simples encobre uma crítica à história da arte e às limitações a que a produção artística se submeteu em sua separação entre o que é erudito e o popular.
Hume resolveu usar o vocabulário e o material do dia-a-dia para se ter prazer visual com liberdade. Ele trabalha com tintas de alto brilho, que são justamente as usadas na indústria para uso doméstico e que estão no gosto popular.
Suas formas não são baseadas em modelos reais, mas sim absorvidas de fontes de segunda mão, como outdoors e revistas.
As figuras são apenas delineadas, traçadas sobre acetato e então projetadas sobre os painéis de alumínio. O resultado são apenas contornos.
Coloridas com tintas brilhantes, sem qualquer aparência de gesto, camada de tinta ou borrifo que sugira um contato manual e humano, as pinturas de Hume parecem tão perfeitas quanto artificiais.
São pinturas que, ao mesmo tempo em que rejeitam os preceitos eruditos da arte e portanto mantém a espontaneidade do gosto popular.

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