São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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Presos tomam reféns e quebram cadeia

DA REPORTAGEM LOCAL

Os 510 presos da unidade 2 do Cadeião de Pinheiros (zona oeste de SP) se rebelaram ontem à tarde. A sala de triagem e o teto da cadeia foram totalmente destruídos pelos rebelados.
Até a noite de ontem, a situação não havia sido controlada. Cinco carcereiros ainda estavam sendo mantidos como reféns.
A rebelião começou por volta das 14h. Aproveitando a hora do banho, os presos tomaram seis carcereiros como reféns.
Eles pediam a transferência de presos já condenados e a agilização de processos judiciais que, segundo eles, estão parados há até oito meses. Os presos reclamam ainda da falta de local para banhos de sol e da comida.
Assistência jurídica
Eles exigiram a presença da Acrimesp (Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo) para dar assistência jurídica aos presos.
Pediram ainda a presença de um juiz-corregedor para negociar. Os presos queimaram colchões e quebraram os telhados da cadeia.
Por volta das 16h, um dos reféns, que estava passando mal, foi solto em troca de assistência médica a dois dos presos, que se feriram durante conflito.
Segundo a polícia, não havia armas de fogo com os rebelados. Eles tinham apenas estiletes e facas.
Por volta das 20h, dois juízes-corregedores chegaram ao local para negociar com os presos. Até a conclusão dessa edição, eles ainda estavam reunidos com uma comissão de dez presos sem ter chegado a um acordo. A situação ainda era tensa.
Tentativa de fuga
Logo após a chegada dos juízes, houve uma tentativa de fuga em massa.
Alguns presos que estavam sobre a caixa d'água e do muro da cadeia tentaram jogar uma corda pela parede que dá para a rua.
A polícia disparou alguns tiros para o alto para intimidar os presos. Dois policiais conseguiram subir em uma das torres do muro, controlando a situação.
Por volta das 20h45, dois integrantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) chegaram à cadeia para tentar participar das negociações.
"Viemos para garantir a integridade física dos presos e dos reféns", afirmou Carlos Di Pietro, presidente da comissão.
Durante toda a tarde e até o início da noite, cerca de dez pessoas, parentes de presos, aguardavam do lado de fora da cadeia em busca de informações.
A rebelião iniciada ontem é a terceira em apenas dois meses naquela unidade. A unidade, que tem capacidade para 500 presos, abriga hoje 510.

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