São Paulo, sexta-feira, 4 de outubro de 1996
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FUNDO EM NOVA FASE

A reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) em Washington mostra uma instituição que aos poucos se renova, acompanhando a mudança da agenda global. Passada a crise da dívida, tanto o FMI quanto o Banco Mundial buscam um lugar na definição de modelos de desenvolvimento e voltam sua atenção para realidades mais microeconômicas, como a privatização, os sistemas de informação econômica, a supervisão bancária e o desenho de políticas setoriais, sobretudo em áreas sociais.
No passado, a ênfase foi no desenho de programas de ajuste que mantivessem a solvência dos países endividados. A atenção aos princípios de austeridade orçamentária continua em primeiro plano, mas agora o FMI procura atuar subsidiariamente como apoio não à solução de uma crise financeira e sim como apoio institucional a uma nova fase de "endividamento".
Curiosamente, se no passado a imagem do Fundo era eminentemente conservadora -muitos viam o FMI e o Banco Mundial praticamente na posição de guardiões dos interesses dos banqueiros internacionais-, hoje há tensões na relação entre esses organismos e o sistema financeiro privado.
Um exemplo é a gradual montagem de um sistema de "redes de segurança" para situações de crise financeira. O Fundo está aprovando a criação de novos mecanismos de proteção de países que enfrentem crises associadas à alta mobilidade e volatilidade dos fluxos de capital.
Mas os próprios bancos criticam explicitamente essa orientação do FMI e defendem a abordagem conhecida como "baseada no mercado" ("market-based approach"), defendida pelo Institute of International Finance no documento "Resolving Sovereign Financial Crises", divulgado há poucos dias em Washington.
O FMI está portanto em nova fase, talvez mais pragmática, num mundo em que há menos lugar tanto para as ilusões quanto para os dogmas da teoria econômica.

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