São Paulo, sábado, 5 de outubro de 1996
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Rússia ameaça intervir no Afeganistão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os líderes de cinco países da antiga União Soviética, inclusive a Rússia, condenaram ontem a milícia islâmica afegã Taleban e disseram que vão intervir em conjunto se o conflito se espalhar para outros países da região.
A cúpula de emergência, em Alma-Ata, a capital do Cazaquistão, foi convocada depois que a milícia estudantil Taleban tomou o poder no Afeganistão e instaurou um governo baseado nas leis islâmicas.
Entre 1979 e 1989, a URSS ocupou o Afeganistão para manter o então regime comunista. Os soviéticos não conseguiram derrotar os guerrilheiros.
O presidente do Uzbequistão, Islam Karimov, pediu o apoio de seus colegas ao líder guerrilheiro Abdul Rachid Dostum para impedir o avanço do Taleban.
A milícia afegã começou ofensiva em direção ao norte e ameaça entrar no território de Dostum, que é de etnia uzbeque. O seu território separa o controlado pelo Taleban dos países da ex-URSS.
"Se não queremos que aumente a guerra, se queremos forçar as partes envolvidas à mesa de negociações, temos de garantir que Dostum mantenha o túnel sob seu controle", disse o presidente.
O túnel a que ele se refere é o Salang, que separa as terras de Dostum das controladas pelo Taleban.
Os outros líderes, que incluíam o primeiro-ministro da Rússia, Viktor Tchernomirdin, não se declararam sobre o apoio a Dostum. Apenas pediram para o fim dos combates no Afeganistão.
O presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbaiev, anfitrião da cúpula, disse que seriam tomadas "medidas adequadas" se o Taleban avançar sobre as ex-repúblicas soviéticas -e só nesse caso.
O principal temor é que ocorra uma ofensiva no Tadjiquistão, cuja fronteira é guardada por russos contra ataques de grupos afegãos.
Reza forçada
Membros do Taleban usaram pedaços de pau e fuzis para obrigar os habitantes de Cabul, a capital, a entrar na mesquita de Pulikhichti para as rezas de sexta-feira, dia sagrado no islamismo.
Os guerrilheiros revistavam as pessoas em busca de armas. Os moradores da cidade também foram avisados para comunicar qualquer atitude de outras pessoas que ferisse a lei islâmica.
Cerca de 3.000 pessoas participaram do culto. As ruas ficaram desertas, e as lojas, fechadas.
Os membros do Taleban já proibiram as escolas para garotas, os esportes e o trabalho de mulheres. Mas ontem mulheres da área da saúde tiveram permissão para voltar ao trabalho, contanto que vestidas da cabeça aos pés.

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