São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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'Broxada' não tira bom humor feminino

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa de transar pela primeira vez com o novo namorado -ou com o antigo amor- acabou frustrada. Ele não conseguiu atingir a ereção. O que fazer?
"Pode acontecer com qualquer mulher", pensou consigo mesma a radialista Cláudia Kojin, 32, quando passou por isso.
Cláudia saiu algumas semanas com um rapaz que, nesse tempo, jamais conseguiu uma ereção.
"Gostava muito dele, e, por isso, insisti", conta. "O cara era o maior gato, inteligente, rico, tipo bom partido, mas não rolou."
A cada "falha", o namorado de Cláudia "tirava o corpo fora". "Ele agia como se nada tivesse acontecido", lembra.
Se tentava conversar sobre o assunto, ela ouvia "desaforos". "Ele colocava a culpa em mim e me agredia gratuitamente", diz.
A radialista diz que deu três chances ao rapaz. Na quarta, capitulou. "Aquilo me encheu o saco, perdi a paciência."
Talento na falha
A advogada carioca Andréa Gonzaga, 36, nunca "perdeu a paciência". Ao contrário:
"Quando aconteceu comigo, eu achei que fosse por excesso de emoção", diz. "O cara me cantou durante tanto tempo que, na hora que teve a chance, broxou."
Andréa afirma que, na verdade, "foi até bom". "Ele se saiu tão bem da situação, se mostrou tão resolvido sexualmente, que eu encontrei até um certo talento na falha", lembra. "Pensei: 'esse tem alguma coisa legal escondida'. E resolvi ir adiante", explica.
Andréa viajou logo depois daquela primeira vez e, na volta, o rapaz foi buscá-la no aeroporto.
"Ele falhou de novo, mas, no mesmo dia, acabou chegando lá. A partir daí, revelou-se um dos meus melhores parceiros na cama", lembra Andréa. "Chegava a transar quatro vezes comigo em um mesmo dia", contabiliza.
Andréa diz que, por sua vez, sempre acreditou nela mesma. "Nunca achei que o problema fosse comigo", afirma.
Dúvidas
A gerente de marketing Paula Philipovski, 46, já teve dúvidas. "A culpa foi minha?", perguntou a um ex-fã da época da faculdade, que só foi para a cama com ela quando já era redator famoso.
"Ficamos nas tentativas", lembra. "Não sabia o que fazer, aquilo nunca tinha me acontecido."
Paula diz que o colega publicitário foi muito "elegante". "Ele respondeu que a culpa era dele."
Os dois estavam na melhor suíte do motel. "Vamos tomar banho de banheira?", ela disfarçou.
Eles passaram a tarde na espuma, "sem traumas". Mas a primeira coisa que ele fez quando chegou à agência onde trabalhava foi contar para todo mundo.
Paula descobriu muito tempo depois: "Um colega da gente quis falar mal dele e soltou: 'Um sujeito que broxa com você, não pode ser boa coisa"', lembra.
Ela compreendeu a inconfidência. "Ele contou correndo para os amigos, antes que eu o fizesse", diz. "O pior é que eu nunca falei nada para ninguém."
A psicóloga Yeda Vilela, 28, também não comentou com ninguém a falha do parceiro. Até porque, a culpa foi dela. "Fiz questão de fazer o cara broxar", assume.
O motivo da maldade foi a abordagem do rapaz. "Ele falava tanto das próprias qualidades, que resolvi colocá-lo no lugar dele."
O que Yeda não esperava é que o rapaz desse a volta por cima. "No dia seguinte, quando a gente acordou, ele recuperou o fôlego e mostrou que não tinha problemas", diz. "Tudo acabou muito bem."

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