São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Viola, meu Viola

JUCA KFOURI

Viola já teve o dom de me despertar interessantes intuições.
Em 1988, no sábado que antecedeu o jogo decisivo do Campeonato Paulista entre Guarani e Corinthians, fiz um comentário para o "Jornal Nacional" especulando sobre como seria fantástico se aquele pobre menino negro marcasse o gol do título do Centenário da Abolição.
Viola entraria para a história do Campeão dos Centenários.
Ele fez o gol, como todos os alvinegros sabem, e aquilo me valeu olhares e gestos admirados dos fiéis.
Seis anos depois, na Copa do Mundo dos Estados Unidos, encontrei Viola meio deprimido na véspera da final diante da Itália. Aparentemente, não tinha a menor chance de entrar na partida.
Mas algum sentimento misterioso me levou a dizer que ele devia se preparar, porque o domingo seria mais um dia de glória em sua carreira.
Realista, e portanto incrédulo, ele se limitou a devolver a previsão com um raro e aberto sorriso.
Aconteceu o que todo mundo sabe. Viola entrou nos 15 minutos finais da prorrogação e aterrorizou os esgotados italianos.
Depois, olhou-me mais incrédulo ainda.
Sobre aqueles famosos 15 minutos, aliás, ouvi dia desses um sintomático depoimento de um fanático são-paulino, o jornalista da CNT Wagner de Freitas. Ele me disse que torceu para que Viola não fizesse o gol que ensaiou, "porque se marcasse o Corinthians é que seria campeão do mundo", garantiu o arguto companheiro, não inteiramente desprovido de razão.
De fato, a galera alvinegra não dividiria a conquista com o Brasil.
Pois nesta noite de domingo Viola enfrentará, com a camisa verde do Palmeiras, o seu ex-clube.
Desta vez a intuição nada me diz e torço, apenas, para que ele seja feliz.
Uma rima longe de ser uma solução (pelo menos para nós, corintianos).
*
O sindicalista Rinaldo Martorelli e o advogado Heraldo Panhoca, um dos autores do texto da resolução que modifica a lei do passe, estão em Paris, convidados por Maradona, presidente da Associação Internacional dos Atletas, para o congresso que discutirá as consequências do caso Bosman.
Bosman, por sinal, se encontrará com o ministro Pelé no Brasil, em novembro.

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