São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Marcação corintiana promete cambalhota

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

É acaciano -nem por isso menos verdadeiro- dizer que, em clássico como o desta noite não há favorito. Mas há: o Palmeiras é um time mais poderoso do que o Corinthians, em todos os sentidos, ainda que desfalcado de alguns titulares -cumpre melhor campanha, é mais equilibrado na soma dos setores da equipe e ganha no cotejo das individualidades com certa folga.
Aí vem o velho e furado argumento: ah, mas o Palmeiras tem melhor elenco porque se apóia no poder econômico de uma multinacional.
É mesmo? Pois peguem esse ataque palmeirense -Leonardo, Viola e Elivélton. Até outro dia, os três vestiam a gloriosa camisa alvinegra. Seus passes custaram uma bagatela. E apenas Viola foi negociado por um preço razoável no mercado internacional quando deixou o Parque para a má sucedida aventura na Espanha.
É bem verdade que, até agora, Viola ainda não conseguiu se ajustar ao seu novo time, assim como Leonardo, embora ambos tivessem marcado gols na vitória inútil de 3 a 0 sobre o Bragantino.
E é com isso que está contando o técnico corintiano, Nelsinho, ao fortalecer seu meio de defesa com Bernardo atuando de líbero, escoltado por Gino e Henrique e sob a proteção de André Santos e Marcelinho Souza.
Com tal contingente de marcadores, Nelsinho pode até se dar ao luxo de escalar um deles para colar em Djalminha, numa pressão que reduza o campo de ação do meia inimigo e eleve seu nível de irritação quase à paranóia.
Isso, somado ao talento de Marcelinho e de Souza, sob as bênçãos de São Jorge e o carisma da camisa alvinegra, pode fazer a lógica dar uma escandalosa cambalhota à noite.
*
Os quatro grandes cariocas encenam um golpe de sobrevivência: esvaziar o Caixa D'Água e dar consistência ao Campeonato do Rio, reduzindo-o ao tamanho do bom senso -não mais do que dez clubes na divisão especial.
Há 15 anos, teria sido medida judiciosa. Hoje, o futebol brasileiro, no qual se insere, obviamente, o carioca, já exige cirurgia ampla e profunda.
Ou seja: o fim definitivo dos campeonatos estaduais (pelo menos, para paulistas, cariocas, mineiros, gaúchos, baianos e pernambucanos) na sua forma tradicional. No máximo, um torneio eliminatório, com duração aí de um a dois meses. E a realização de um Brasileiro enxuto e racional na fórmula de disputa.
Não esses monstrengos que os próprios clubes nos empurram goela abaixo e que só servem de pretexto para os presidentes das federações estaduais continuarem a justificar seu anacronismo.
Como, por exemplo, o presidente Farah, que me manda um ofício mostrando que, em sua gestão, houve redução de quase 50% no tempo gasto com a disputa do Paulistão.
Ótimo, só falta agora reduzir mais 50%.
*
Ouvi por aí certo zunzum, que, infelizmente, não se concretizou: era o momento certo para Zagallo convocar o avante Élber, do Stuttgart. Jovem, rápido, inteligente, desloca-se com extrema facilidade e faz gol de todo jeito.

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