São Paulo, domingo, 6 de outubro de 1996
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Índios vêem exposição

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O roteiro da exposição Natterer inclui um público especial: índios ticuna e munduruku, que sobreviveram às investidas colonizadoras, mas que tiveram sua cultura alterada à força.
Os ticuna têm um trabalho já consolidado de resgate cultural, com a busca de técnicas artesanais e costumes que foram esquecidos. Uma de suas aldeias tem um museu, organizado pelos próprios índios.
Com objetos espalhados pelo chão, à disposição da interferência do visitante, esse museu não se enquadra no padrão "civilizado". A coleção deverá, no próximo ano, ser ampliada com fotografias de objetos que estão em Viena.
Os ticuna vivem no oeste do Amazonas e não tiveram contato direto com Natterer. O naturalista austríaco conseguiu algumas de suas peças por permuta.
O contato direto com os índios está a cargo do diretor do Museu Amazônico, Geraldo Sá Peixoto, professor da Universidade Federal do Amazonas. "Sem esse 'resgate cultural', a exposição de Natterer não faz o menor sentido para mim", disse ele.
Bandeja de cheirar
O contato com os brancos teve resultados muito diferentes entre os povos indígenas. Os maué, por exemplo, preservam boa parte de sua cultura apesar do contato de mais de três séculos.
Deixaram de lado, porém, um objeto que é uma das vedetes da exposição -uma bandeja que os pajés utilizavam para cheirar pó alucinógeno, que nada tem a ver com cocaína.
A exposição de Natterer inclui também coisas dos manao, que deram o nome a Manaus. A maior parte do grupo foi dizimada em uma guerra com os portugueses 50 anos antes das expedições de Natterer.
(PSP)

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