São Paulo, segunda-feira, 7 de outubro de 1996
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Israel recua para negociar com palestinos

Comissão discutirá Hebron

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

O governo de Israel recuou ontem, pela primeira vez desde a posse do primeiro-ministro direitista Binyamin Netanyahu, em junho passado, de uma posição agressiva em relação ao processo de paz com os palestinos.
O recuo de Israel, após manter firme a retórica de defesa de seus interesses durante a cúpula em Washington na semana passada, se deu por dois sinais.
Primeiro, foi levantado o toque de recolher na cidade de Hebron (última cidade da Cisjordânia a ser entregue à administração da Autoridade Nacional Palestina).
A cidade, onde cerca de 420 colonos judeus ortodoxos vivem cercados por 120 mil palestinos, estava sob restrições militares havia pelo menos dez dias.
Os palestinos só podiam deixar suas casas entre 6h e 9h. Ontem, o horário foi liberado. Até às 2h de hoje (22h00 de ontem em Brasília), não havia registro de conflitos.
Hebron é uma peça-chave de qualquer negociação em Israel. Segundo os acordos de Oslo, que definiram em 1993 a paz atual, as tropas israelenses deveriam ter deixado a cidade há mais de seis meses.
Só que Israel atrasa o processo, alegando falta de segurança para os colonos. Os palestinos acham melhor que eles sejam retirados do centro da cidade, onde vivem hoje.
'Bibi' otimista
"Bibi", como o premiê conservador Netanyahu é conhecido, também deu sinais de apaziguamento ontem.
Após reunião em Jerusalém com o secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, "Bibi" afirmou estar otimista em relação à paz na região.
E, pela primeira vez, admitiu que Israel está em débito com o processo de paz e com os acordos de Oslo. "Nós temos de voltar aos compromissos. Assim como os palestinos, que os quebraram ao atirar contra soldados israelenses", afirmou.
Até ontem, o premiê admitia até a revisão dos princípios de Oslo. Christopher, por sua vez, disse que a situação ainda é "perigosa". O presidente da ANP, Iasser Arafat, afirmou que os palestinos iriam "dar o melhor para garantir a paz", após se encontrar com Christopher à tarde.
Comissão para Hebron
Paralelamente, aconteceu ontem a primeira rodada de negociações diretas entre a ANP e Israel após conflitos que mataram 76 pessoas no país há quase duas semanas.
Foram três horas de reunião no posto de Erez, na fronteira entre Israel e a faixa de Gaza.
Os primeiros resultados foram a decisão de cessar a violência e um acordo para criar uma comissão especial de trabalho sobre Hebron.
Os EUA supervisionam o diálogo por meio do enviado Dennis Ross. As conversas não envolverão oficiais de primeiro escalão.

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