São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Covas telefona a FHC para reclamar da operação de apoio a Celso Pitta
CLÓVIS ROSSI
O diálogo Covas-FHC ocorreu depois que o presidente liberou Luiz Carlos para encontrar-se com o padrinho de Pitta, o prefeito Paulo Maluf, o mais tradicional adversário de Covas em São Paulo. As divergências antigas entre os dois políticos acentuaram-se durante a campanha eleitoral, porque Maluf cansou-se de dizer que "Covas nada faz". Covas contra-atacou, encampando ao menos parte das pesadas críticas que fizeram a Maluf o candidato tucano, José Serra, e o ministro das Comunicações, Sérgio Motta. A visita de Luiz Carlos a Maluf foi vista, no Palácio Bandeirantes, como interferência indevida em uma decisão (quem apoiar no segundo turno) que Covas pretende tomar junto com o partido e no prazo que ele e o PSDB acharem mais conveniente. "A decisão sobre o segundo turno é do partido e ninguém vai colocar prazo para o PSDB decidir", disse ontem à Folha Robson Marinho, chefe do Gabinete Civil de Covas e, como tal, seu articulador político. FHC se explica A irritação de Covas levou o próprio presidente a emitir ontem nota oficial (leia a íntegra à pág. 1-5), em que atende ao menos parte da queixa do governador. "Não cabe ao presidente da República imiscuir-se nas decisões partidárias locais nem condicioná-las a discussões de âmbito nacional. Seria distorcer e diminuir o significado das questões de relevância institucional, que não devem ser objeto de barganhas políticas nem de negociações eleitorais", diz a nota. Traduzindo: é também uma resposta à crítica de Covas, esta pública, de que seria "incoerente" o governo federal barganhar o apoio de Maluf à reeleição em troca do respaldo a Pitta no segundo turno. Mas o trecho final da nota parece calcado literalmente nas explicações de Luiz Carlos Santos para seu apoio a Pitta. Diz: "Como é natural, continuo a desejar a vitória do PSDB e dos partidos aliados (que já obtiveram ampla vitória no primeiro turno) para darmos continuação às reformas e demais políticas de que o Brasil necessita". Luiz Carlos diz que a operação pró-Pitta se faz em nome da "governabilidade", pois contabiliza, entre os governistas, o PPB de Maluf e ainda lembra que o maior aliado do governo, o PFL, está coligado ao PPB em São Paulo. "Seria uma incoerência, numa disputa entre o PT e a base governista, ficar com o PT. O governo perderia aliados sem ganhar os que fazem não uma mera oposição, mas oposição sistemática", é o raciocínio do ministro da Coordenação Política. Covas discorda frontalmente do argumento e contra-ataca: "O PFL já fazia parte da base governista, inclusive em São Paulo, quando decidiu aliar-se a Maluf, e nem por isso se pensou em fratura da base governista". O governador paulista acha que a decisão sobre apoio ou não a algum candidato em São Paulo tem de levar em conta também "a história". Texto Anterior: Leia a íntegra divulgada pelo Palácio do Planalto Próximo Texto: Para Maluf, visita de ministro é vitória pessoal Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |