São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Lula espera que indefinição do apoio de Covas não seja 'chantagem eleitoral'

EMANUEL NERI
GEORGE ALONSO

EMANUEL NERI; GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

PT pretende agilizar criação de comitês suprapartidários para atrair adesões isoladas de tucanos

Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem não acreditar que o governador Mário Covas (PSDB) queira fazer "chantagem eleitoral" para apoiar a candidatura de Luiza Erundina (PT) no segundo turno da sucessão em São Paulo.
"Não acredito que um homem da índole política do Covas venha tentar colocar na mesa qualquer chantagem eleitoral: só apóio se der isso, se der aquilo", disse Lula, ao se reunir com prefeitos do PT que vão disputar o segundo turno.
A declaração de Lula foi uma resposta à afirmação do governador de que há dificuldades em apoiar Erundina por causa da oposição que a bancada do PT faz a seu governo, na Assembléia Legislativa.
Lula lembrou do apoio dado pelo PT a Covas no segundo turno da sucessão paulista, em 1994. "Quando nos reunimos com ele, não pedimos absolutamente nada", afirmou. "Apoiamos porque achamos que ele era o melhor."
Lula disse que o PT não aceita negociar o apoio do PSDB a Erundina em troca da reeleição de Fernando Henrique Cardoso. "Não têm que fazer nenhuma chantagem com o PT. O PT é contra a reeleição. Em tese, defende reeleição para futuros governantes."
PT ambíguo
A exemplo de José Dirceu, presidente do PT, Lula também mantém posição ambígua sobre a posição do PT em São Paulo e no Rio. No primeiro caso, o PT quer o apoio dos tucanos; no segundo, o partido se recusa a apoiar o PSDB.
Mas, para Lula, não há incoerência nos dois casos. "Ambiguidade é o PFL brigar com o PSDB no Rio, enquanto estão juntos no governo federal", disse. Para ele, o PT não pode ter um único "projeto nacional" de alianças no segundo turno.
"Uma coisa é o PSDB do Covas. Outra coisa é o PSDB do Sérgio Cabral", disse, referindo-se ao candidato tucano no Rio. Para Lula, as circunstâncias políticas de cada cidade determinam a opção petista no segundo turno das eleições.
Em Belo Horizonte, por exemplo, o PT deve apoiar Célio de Castro (PSB) contra Amílcar Martins (PSDB). Lula lembrou que PT e PSDB se coligaram em várias cidades. Em São Paulo, elegeu o prefeito de Caçapava, com vice do PSDB.
Se o apoio do PSDB demorar, a campanha de Erundina abrirá comitês suprapartidários para atrair adesões isoladas de tucanos e de políticos de outros partidos. "A prioridade são os acordos partidários", disse Erundina.
"A campanha não pode parar. Não podemos esperar eternamente", afirmou a petista. "Não vamos ficar esperando", disse Jilmar Tatto, coordenador da campanha. O comando da campanha se reuniu ontem para definir a estratégia petista para o segundo turno.

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