São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996 |
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Tom Wolfe escreveu a biografia
PAULO VIEIRA
Se em "Fogueira" abundavam adjetivos justapostos por hífens e metáforas-chave como a do "Mestre do Universo", em "O Teste" há passagens em letras maiúsculas, onomatopéias e períodos truncados. Mais do que contar a história dos Festivos Gozadores, grupo liderado por Kesey, Wolfe, em suas próprias palavras, quis "recriar sua atmosfera mental" ou sua "realidade subjetiva". Não consigna, na obra, que tenha repartido micropontos de ácido com Kesey ou qualquer festivo. Seu primeiro contato com Kesey foi através das cartas que o autor de "O Estranho no Ninho" destinou de sua fuga pelo México para o escritor Larry McMurtry. Wolfe as define como tumultuadas e irônicas, escritas numa mistura de William Burroughs e George Ade. Escrevia Kesey, citando a si próprio na terceira pessoa: "Alguns anos antes, ele andava nas listas do 'Quem É Quem' (...), mas agora não iam deixar que ele falasse nem em uma reunião do Comitê Diário do Vietnã. O que terá sido capaz de arrastar um homem tão promissor a um nível tão baixo em tão pouco tempo? Bem, a resposta pode ser encontrada em uma só palavra, meus amigos, um par de sílabas bem conhecidas: drogas". Wolfe tem seu primeiro encontro com Kesey na prisão de San Francisco. Ele ainda não havia iniciado, apenas concebido, seus célebres testes do ácido. Com uma placa de vidro entre eles, falaram através de telefones. "Prefiro ser uum pára-raios a um sismógrafo", disse Kesey. "Você quer dizer alguma coisa do tipo que Andy Warhol vem fazendo?", retrucou o jornalista. "Não quero ofender, mas Nova York está dois anos atrasada". Texto Anterior: Zane Kesey vende Acid Culture Próximo Texto: Lygia Pape corre os riscos da invenção Índice |
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