São Paulo, terça-feira, 8 de outubro de 1996
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Lebed ameaça a expansão da Otan

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O secretário-geral do Conselho de Segurança russo, o general Alexander Lebed, disse ontem que a expansão da Otan para o Leste Europeu poderá minar o apoio russo a acordos de desarmamento mundiais que ainda não foram ratificados pelo Parlamento russo.
Lebed se reuniu por cerca de seis horas com o secretário-geral da Otan (a aliança militar ocidental), o espanhol Javier Solana, e os embaixadores dos 16 países-membros do órgão, em Bruxelas, na Bélgica. Solana explicou ao general o objetivo da ampliação.
"A expansão da Otan equivale à extensão da estabilidade e da democracia da Europa para o resto do continente", disse. "Não temos nada contra ninguém", afirmou, referindo-se à Rússia.
A aliança, liderada pelos EUA, pretende a partir do próximo ano convidar países do ex-bloco soviético para iniciar as conversações. Os principais candidatos são Polônia, Hungria e República Tcheca.
Mentalidade
O secretário-geral russo recomendou que a aliança adie a ampliação "para a próxima geração", a fim de evitar uma provável escalada das tensões Leste-Oeste.
"Deixemos que a próxima geração decida", afirmou o general. "Ela não terá nossa a mentalidade. Somos vítimas da Guerra Fria, e nossas idéias não poderão ser dissolvidas em um dia."
Segundo Lebed, a aliança ocidental deveria negociar um novo acordo para definir suas futuras relações com a Rússia antes de aceitar novos membros do antigo bloco soviético.
E deixou claro: "A Rússia não ficará histérica se a aliança decidir aceitar novos membros".
Mas, em seguida, ameaçou, caso a ampliação ocorra contra a vontade da Rússia, com a possibilidade de seu país não assinar o Start 2, acordo com os EUA para a redução de armas nucleares até 2003, nem tratados de diminuição da produção de armas químicas.
A Rússia e os Estados Unidos deveriam começar a reduzir seus arsenais a partir de 1993, segundo o acordo Start 2.
"A maioria dos deputados russos acha que a ampliação poderá mudar o clima estratégico (do continente)", disse Lebed.
O secretário russo sugeriu que os direitos e as obrigações dos tratados de desarmamento possam ser mudados antes de qualquer decisão sobre a expansão.
O secretário-geral da Otan se recusou a aceitar qualquer proposta que condicione a expansão.
Ieltsin
O presidente russo, Boris Ieltsin, 65, foi transferido ontem do hospital onde estava desde 13 de setembro para uma clínica em Barvikha, subúrbio de Moscou.
Segundo os médicos, o líder russo poderá trabalhar um pouco mais do que no hospital.
Mas, mesmo assim, Ieltsin vai continuar descanso para a operação no coração a que deve ser submetido em novembro.

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