São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Diziam-se governantes

JANIO DE FREITAS

Nas ruas, nas casas, nas lojas, nos escritórios, nos bares, nos restaurantes, nas salas de espera, nos elevadores, em todos os lugares onde se conversa e se ouvem conversas, ninguém fala de reeleição.
Fernando Henrique Cardoso e os ministros do seu esquema só falam de reeleição. Os deputados e senadores que servem na copa política do Planalto só falam de reeleição. Por indução desses aí, na Câmara e no Senado só falam de reeleição.
Não há Presidência da República. Não há governo. Não há Congresso. Pelo fato definitivo de que, às vistas dos que papeiam onde se abrigariam aquelas instituições, não existem um país e um povo à espera de incontáveis medidas tão urgentemente necessárias como administrativamente possíveis.
Aos oportunistas da reeleição e seus sequazes não basta serem alienados políticos e alienados sociais. Reabilitam, para a política, uma denominação que deixara de servir à ciência: alienados mentais.
O luxão
Os que estavam interessados na compra de um avião novo para as viagens internacionais de Fernando Henrique Cardoso, e entre os interessados não faltaram jornalistas, deram ao Boeing 707 em serviço o apelido de sucatão. Não era isso e nem estava aquém do conforto ótimo.
O golpe da compra não deu certo (ainda?). O Boeing foi mandado para uma reforma completa, atualizando seus equipamentos técnicos. Mas não só isso. Foi redecorado para que, ao conforto mais exagerado, fossem dados todos os toques do luxo, como dizem agora, mais emergente. Está criado, enfim, um avião próprio para arrivistas deslumbrados. O sucatão virou o luxão.
E tudo bem à altura intelectual dos emergentes. Tanto que no escritório presidencial foi instalado até um telefone ultramoderno: funciona com cartão de crédito. O gênio decorador imaginou que, assim, Fernando Henrique não precisará levar fichinhas para falar no telefone.

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