São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Safra eleva em 20% a venda de insumos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior oferta de crédito e, como consequência, a expectativa de aumento do plantio da safra de verão incrementam até 20% a venda de insumos agrícolas e propiciam reajustes de até 25% nos preços.
A indústria de defensivos para a agricultura prevê para este ano faturamento recorde de US$ 1,68 bilhão, ou 10% maior do que o do ano passado.
Fabricantes de fertilizantes já estimam fechar o ano com venda de 10,56 milhões de toneladas na região Centro-Sul do país -um aumento de 8,1% sobre 1995.
O ano de 1994 foi recorde para esse setor, com a comercialização de 10,83 milhões de toneladas. Mas a recuperação da demanda neste ano foi suficiente para possibilitar altas de preços de até 25% nos fertilizantes, de janeiro até agora.
A Manah S/A, fabricante de fertilizantes, deve fechar este ano com faturamento de US$ 350 milhões -40% maior do que o do ano passado. Em volume, a venda deve aumentar 20% -de 1,25 milhão para 1,50 milhão de toneladas- no período.
Fernando Penteado Cardoso Filho, diretor-presidente da Manah, diz que a receita da empresa subirá mais do que a venda física, porque está recuperando margens de lucro e repassando aos preços reajustes de matérias-primas (enxofre, amônia e cloreto de potássio).
"As condições para plantio, colheita e comercialização da safra são bem mais favoráveis neste ano", comemora Cardoso Filho.
Os recursos do governo para financiar o agricultor subiram de R$ 3,5 bilhões em 1995 para R$ 5 bilhões neste ano; as taxas de juros caíram de 16% para 12% ao ano, e os preços dos grãos chegam a ser até 50% maiores do que há um ano.
"O governo também anunciou o plano para a safra agrícola bem mais cedo do que o faz normalmente e, por isso, o agricultor pôde se planejar", diz André Nassar, assessor econômico da Sociedade Rural Brasileira.
No ano passado, lembra ele, os agricultores estavam superendividados; neste ano, boa parte deles conseguiu alongar as dívidas.
A Iap, outra fabricante de fertilizantes, informa que a demanda está 10% maior neste ano. A empresa, no entanto, está, por decisão estratégica, mantendo o volume de vendas do ano passado, de 800 mil toneladas.
"Decidimos priorizar a rentabilidade e não o volume de vendas", diz Clóvis Galante Filho, vice-presidente da Iap. Segundo ele, os preços médios dos fertilizantes estão até 25% maiores do que os do início deste ano.
Para ele, a tendência para o ano que vem é o agricultor continuar animado com o plantio, já que os preços dos grãos no mercado internacional devem se manter altos e firmes e os estoques baixos.
Para os fabricantes de defensivos agrícolas, o crescimento da demanda -em torno de 10% sobre 1995- anima, mas não dá espaço para aumentos de preços.
"A concorrência está superacirrada", diz Cristiano Walter Simon, presidente da Associação Nacional de Defesa Vegetal. Cerca de 90% das empresas associadas são multinacionais.

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