São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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A era das fusões

LUÍS NASSIF

Pesquisa trimestral realizada pelo Vox Populi junto a 200 grandes empresas mineiras -por solicitação da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg)- traça quadro interessante dos efeitos da globalização fora do eixo Rio-São Paulo.
Saliente-se que a pesquisa é junto a grandes empresas, menos vulneráveis aos efeitos da crise e da falta de liquidez da economia e mais propensas a ajustes patrimoniais.
De qualquer modo, mostra significativa mudança de ares, até na conservadora Minas Gerais.
São bastante sintomáticas as respostas aos itens acerca dos efeitos da globalização da economia sobre as empresas.
A política de incorporação e absorção de outras empresas, por exemplo, vem sendo adotada por 26% dos entrevistados; outros 26% pretendem adotá-la.
A estratégia de associação ou fusão com empresas ou capitais está sendo posta em prática por 22% das empresas consultadas; outras 26% pretendem seguir esse caminho.
Trata-se de índice relevante mostrando que a economia brasileira ingressou definitivamente na onda mundial de fusões e incorporações.
Mercosul
Os itens relativos ao Mercosul também trazem resultados significativos.
Das empresas consultadas, 24% declararam que serão beneficiadas pelo recente acordo comercial entre o Mercosul e o Chile. Desse total, 34% serão beneficiadas nas importações, 83% nas exportações, 34% com a possibilidade de joint ventures e 64% com possíveis acordos de transferência de tecnologia.
Em relação à possibilidade de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca), 52% das empresas se preparam para competir; 42%, não.
Das que estão se preparando para competir, 57% buscam parcerias ou associações e 93% estão investindo.
Atividade
As questões mais conjunturais foram divididas em cinco grupos, com os seguintes resultados:
1) Atividade econômica: o número de empresas estáveis passou de 54% para 57%, em relação ao trimestre anterior. Em 30% delas houve crescimento e em 13%, redução. Saliente-se que nos dois primeiros trimestres o crescimento da atividade beneficiava, respectivamente, 36% e 38% das empresas.
2) Faturamento: o desempenho foi inferior aos anotados na atividade econômica, demonstrando que os preços estão se reduzindo. O percentual de empresas estáveis ficou em 50% (contra 40% no trimestre anterior). O faturamento aumentou para 28%.
3) Emprego: 11% registraram mais contratações, contra 17% que promoveram mais demissões.
4) Liquidez: em 19% das empresas houve melhoria da liquidez; em 16%, piora.
Deflação Dois meses seguidos de deflação no Índice de Preços ao Consumidor do Rio de Janeiro não deveriam ser motivo de comemoração, mas de alerta.

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