São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Petrobrás quer MTBE no lugar do anidro

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Petrobrás pretende disputar com os usineiros de álcool e açúcar o mercado de produtos destinados à mistura com a gasolina. Os usineiros fornecem, com exclusividade, álcool anidro para a mistura.
A empresa acaba de produzir e exportar para os Estados Unidos a sua primeira carga de MTBE (metil-tércio-butil-éter), um produto que substitui o anidro no papel de "oxigenador" da gasolina, reduzindo a emissão de gás carbônico.
Foram exportados 21 milhões de litros em setembro, gerando lucro de R$ 1,3 milhão para a Petrobrás.
"Se o MICT (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo) e o Ministério da Fazenda deixarem, eu coloco o MTBE no mercado", disse à Folha o presidente da Petrobrás, Joel Rennó.
O ministro Raimundo Brito (Minas e Energia), que participou da conversa, negou que o MTBE será vendido no Brasil. "Nós só estamos produzindo para exportar para os Estados Unidos."
A Folha apurou, porém, que o objetivo da Petrobrás é se apoderar de uma fatia do mercado hoje dominada pelos usineiros.
O preço do MTBE é muito menor que o do anidro. Poderia, na mistura com a gasolina, reduzir o custo final do combustível.
Um galão de MTBE (equivalente a 3,785 litros) de anidro custa em torno de R$ 1,50 no mercado de Nova York, ou R$ 0,3963 o litro (valor próximo ao de comercialização pela Petrobrás no Brasil).
Já o MTBE custa R$ 0,85 o galão, no mesmo mercado, ou R$ 0,2245 o litro. O anidro é, portanto, 76,52% mais caro que o MTBE.
Mas, no Brasil, apenas o Rio Grande do Sul consome o MTBE. O uso é ilegal, mas é tolerado por governo e usineiros devido à carência de anidro no Estado.
Produção
A Petrobrás gastou R$ 35 milhões para implantar as unidades produtoras de MTBE nas refinarias de Paulínia, São José dos Campos (ambas em São Paulo) e Duque de Caxias (Rio de Janeiro).
"Estamos com três unidades produzindo", confirmou ontem Joel Rennó, que participou de cerimônia no Palácio do Planalto.
Todo o álcool anidro produzido no país é vendido à Petrobrás, por imposição de lei aprovada no Congresso com apoio dos usineiros.
O álcool anidro é misturado à gasolina na proporção de 22%, para oxigenar o combustível e reduzir a emissão de gás carbônico, que prejudica o meio ambiente.

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