São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Argentina caça cocaína no esporte

Juízes investigam tráfico

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

Dois juízes federais argentinos estão somando suas investigações para descobrir até onde futebol e cocaína estão juntos no país.
O juiz Hernán Bernasconi investiga uma rede de narcotráfico que envolve personagens do "jet-set", empresários da noite e figuras do futebol.
Seu colega Carlos Branca busca esclarecer denúncias sobre fraude no sistema antidoping no Campeonato Argentino.
Bernasconi, desde sexta-feira, já prendeu seis pessoas por porte e comercialização de drogas, entre elas o cunhado do jogador Diego Maradona, Gabriel Espósito, e o ex-jogador Alberto Tarantini.
Por seu lado, o juiz Branca já interrogou o presidente do Boca Juniors, anunciou que vai convocar Maradona para esclarecimentos e chegou a declarar que pode processar o máximo dirigente do futebol argentino, Julio Grondona.
Anteontem, Bernasconi e Branca se encontraram e trocaram informações sobre suas investigações.
O início
As investigações de Bernasconi tiveram início no verão passado na costa argentina. Depois de algumas batidas, Tarantini foi preso pela primeira vez.
O ex-jogador René Housemann também foi investigado.
As apurações do juiz seguiram e culminaram com as prisões desta semana e o mandado de prisão de Guillermo Cóppola, empresário de Diego Maradona (leia texto ao lado).
Já o levantamento do juiz Branca teve origem em uma denúncia feita pelo fisioculturista Sergio Parodi, que ficou indignado com a suposta troca de frascos de urina feita para livrar Maradona de um novo escândalo por doping.
O caso aconteceu na rodada do Campeonato Argentino do dia 11 de agosto.
O Boca Juniors, time de Maradona, enfrentava o Estudiantes, e o número dez do astro foi escolhido para o teste antidoping.
Maradona o fez e, no dia seguinte, viajou para a Suíça, para internar-se em uma clínica de desintoxicação.
O resultado de todos os testes da rodada saiu uma semana depois, com uma amostra dando positiva: a do jogador Martín Vargas, do Deportivo Español.
O número dos frascos de Vargas era 405. Os de Maradona estavam catalogados com o número 505.
Feita a denúncia, o juiz Branca ordenou batidas na sede da AFA (Associação de Futebol Argentino), Cenar (Centro Nacional de Alto Rendimento Esportivo) e Faculdade de Bioquímica da Universidade de Buenos Aires.
Os agentes buscavam os frascos com as amostras de Maradona, que jamais foram encontrados.
Segundo a lei, a AFA teria obrigação de avisar à Justiça esse caso, mas não o fez.
Com isso, o presidente Grondona pode ser processado por acobertar a presença de drogas no futebol argentino.

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