São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996 |
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Ramos faz investigação e análise da realidade
IZETI FRAGATA TORRALVO
Emocionadamente, Paulo Honório conta a sua trajetória de luta pela sobrevivência no sertão e sua ambição incontrolável pelo poder, pela posse. Cinicamente, confessa as manobras inescrupulosas que lhe garantiram a propriedade da fazenda São Bernardo e a ascensão econômica. O romance estrutura-se em dois planos: o da autobiografia do protagonista e o da história da confecção do livro. Assim, o protagonista é personagem e pseudo-autor. Através da autobiografia, o leitor depara-se com um ousado empreendedor, arrogante, violento, que orientou sua vida para conquistas à custa de destruição de muitas pessoas. Por meio da voz do pseudo-autor, têm-se contato com um homem amargo, fragilizado, que tem consciência da própria brutalidade e solitariamente após a morte inesperada de Madalena, procura sentido para a própria existência. Em "São Bernardo", Graciliano Ramos combina investigação psicológica à análise da realidade brasileira, inovando, assim, o romance regionalista tradicional. Texto Anterior: Verbos problemáticos Próximo Texto: Resposta objetiva é a chave Índice |
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