São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 1996
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Defesa russa está em decadência

LUCIA MARTINS
DE LONDRES

O ano de 1997 vai aprofundar o processo de deterioração das Forças Armadas da Rússia, diz relatório anual do IIEE (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos) divulgado ontem, em Londres.
O documento, que faz um panorama anual da situação das Forças Armadas de 170 países, mostra que os investimentos daquele país na área caíram 45% em um período em três anos -de 92 a 95- e 15%, de 94 para 95 (veja quadro).
O relatório afirma, no entanto, que não há risco iminente de revolta das tropas russas.
Na semana passada, o secretário-geral do Conselho de Segurança da Rússia, Alexander Lebed, afirmou que estava preocupado com a possibilidade de haver um motim por causa do alto grau de insatisfação dos soldados.
Para tentar resolver o problema, o presidente Boris Ieltsin anunciou que vai acabar com o serviço militar obrigatório até o ano 2000.
O instituto afirma que a guerra da Tchetchênia foi o grande desafio do Exército russo este ano porque exigiu grandes investimentos financeiros e estratégicos.
Para o diretor-assistente do IIEE, Terency Taylor, a decadência das Forças Armadas russas reflete a situação mundial.
"O que vemos nesse relatório é a queda nos investimentos nas Forças Armadas de uma maneira geral como consequência do fim da Guerra Fria", afirma.
Segundo Taylor, os investimentos da Rússia ainda são muito grandes. "O setor fica com 20% do total do Orçamento do país", diz.
Guerra Fria
Os EUA ocupam o primeiro lugar com gastos em defesa, seguidos pela Rússia.
Em 1995, as Forças Armadas americanas custaram ao país US$ 277,8 bilhões, menos do que no ano anterior (US$ 295,2 bilhões).
"A queda nos gastos pós-Guerra Fria começou a ocorrer mais em 1991, mas só no ano passado é que os números mostraram essa tendência", diz Digby Waller do IIEE.
Os números do mundo inteiro confirmam as declarações de Waller. Em 1985, os 170 países estudados pelo IIEE gastaram US$ 1,2 trilhão. Dez anos depois, os gastos caíram para US$ 814 bilhões.

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