São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Incognito rejeita anos 80

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem pensa que a banda inglesa Incognito nasceu com o movimento acid jazz, nos anos 90, está enganado. É o que esclareceu JP Maunick, conhecido como "Bluey", líder da banda, em entrevista coletiva ontem à tarde no Maksoud Plaza.
A banda foi formada no início dos anos 80 e o primeiro disco foi apropriadamente chamado de "Jazz Funk". "Achamos que nossa banda deveria ser uma reunião de músicos que queriam se divertir", contou "Bluey". O Incognito faz show hoje, à partir das 23h, no espaço Groove.
O nome Incognito surgiu de uma vontade de liberdade: "Queríamos gravar livres de restrições, livres das gravadoras, livres de rótulos".
Nos anos 80, "Bluey" decidiu dar fim a sua banda: "Não gostava do anos 80. A música era estilizada, as pessoas só se preocupavam com aparências, não havia criatividade", diz.
"Bluey" chegou à coletiva com CDs de música brasileira, uma de suas paixões. Entre eles, um de Luiz Eça e outro de João Donato: "Nasci e cresci nas Ilhas Maurício, na costa africana. Ouvia muito um estilo de música chamada 'sega', que em alguns aspectos se assemelha à música brasileira".
Foi nos anos 90, depois de conhecer o DJ Gilles Peterson, criador das noites londrinas, "Talkin' Loud and Sayin' Something", e também fã da MPB, que a banda foi parar no selo Talkin Loud, fundado por Peterson.
Outras bandas como Galliano e Brand New Heavies apareceram. Estava inaugurado o estilo acid jazz, que misturava funk e jazz com referências brasileiras e dance. Um dos hits da banda é a versão de "Don't You Worry about a Thing", de Stevie Wonder.
Impulsionado pelo movimento club de Londres, o Incognito, sempre que pode, também aposta nos remixes: "Adoro ir aos clubes. Sou capaz de viajar até os EUA por um dia só para ver Dave Morales (DJ) tocar em NY", afirma Bluey.
Com grande quantidade de remixes, Bluey diz que não se importa com números, mas com a qualidade da produção.
Seu próximo trabalho é uma parceria com o DJ americano Carl Craig, cujo estilo tecno a princípio destoaria do balanço da banda: "Eu não tenho medo das contribuições de outras pessoas nas minhas músicas. Só quero ver as as pessoas dançando".

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