São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996 |
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Universidade abrigava depósito de arma
MÁRIO MOREIRA
Os sótãos de dois prédios do campus estariam sendo usados pelos traficantes do morro do Turano, em cujo sopé fica a sede da universidade. Os 50 policiais envolvidos na operação chegaram ao local às 5h50 e prenderam em flagrante os supostos traficantes Luís Jorge Pereira Rosa, 38, conhecido por Gavião e acusado de ser o gerente do tráfico no morro, Marcelo Andrade Alexandrino, 21, e os menores J.R.B.T., 16, e W.S., 17. Dois outros homens, um dos quais menor, foram detidos para averiguações. A polícia apreendeu dois fuzis, três pistolas, um revólver, uma escopeta, 500 cartuchos de fuzil, 3.800 sacolés de cocaína e 250 bolas de haxixe. Os policiais encontraram também objetos que permitiam aos supostos traficantes usar o local como esconderijo, como colchonetes, panelas e cobertores. Luís Jorge Rosa estava escovando os dentes quando a polícia chegou. Segundo o detetive Marco Pedra, o local era investigado havia um mês, a partir de denúncias anônimas, com policiais atuando infiltrados na universidade. Os blocos I e L, onde foram feitas as prisões e apreensões, são os mais próximos da favela do Turano. O acesso entre a universidade e a favela é muito fácil naquele local. Desde as 5h, o morro já estava ocupado por homens do 6º Batalhão da PM. Segundo o coronel Jorge Lindolfo, comandante do batalhão, a ocupação vai continuar por período indeterminado. 'Perplexidade' O pró-reitor de assuntos comunitários da Estácio de Sá, Marcos Fernando Evangelista, se disse "perplexo" com a existência de um depósito de armas e drogas dentro da universidade. Ao saber da operação policial, ele determinou a suspensão das aulas do período da manhã, "para garantir a vida dos alunos". Ele disse que tomaria novas medidas de segurança no campus, mas não disse quais. A universidade tem 26 cursos de graduação e cerca de 12 mil alunos. Uma estudante do curso de direito, que se identificou apenas como Maria Isabel, disse que a universidade "é comandada por traficantes". "Eles mandam aqui. Os alunos sabiam que os traficantes circulam pela universidade. Eu até queria estudar à noite, mas meu pai não deixou porque é perigoso." Segundo ela, quando os traficantes decretam "toque de recolher" no morro, as atividades têm que ser paralisadas às 22h. Texto Anterior: Prefeito eleito faz convênio pró-criança Próximo Texto: Dois homens e menor são acusados de matar jovem Índice |
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