São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Acusado de matar decoradora diz estar aliviado com a prisão

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Jorge Henrique Marjorine disse que ficou aliviado com sua prisão, apesar de se dizer inocente. "Não aguentava mais ficar fugindo. Ganhava cerca de R$ 12 mil por mês e passei a viver com salários de R$ 200", disse.
Formado em administração de empresas e em direito, Marjorine é acusado de ter intermediado a contratação dos dois ex-PMs que mataram a decoradora Gisele Balesteiros Ribeiro Pascini a mando do marido da vítima, o falso médico Bruno Pascini.
O crime ocorreu em junho de 93. Gisele foi sequestrada quando saía da casa dos pais na zona norte de São Paulo e levada a Parati (RJ), onde foi morta. O corpo foi achado dois dias depois com 12 tiros.
Marjorine estava foragido desde 1994, quando teve a prisão decretada. Nesses período, ele ficou preso quatro meses no Uruguai e não foi extraditado ao Brasil pela Justiça daquele país.
Em seguida, passou pelo Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Espírito Santo e Pernambuco. Nesse período, sofreu um acidente de carro e teria ficado internado quatro meses em um hospital de São Paulo com um nome falso.
"Fui guardador de carro, frentista e flanelinha. Um foragido não tem amigos. Amizade para alguém procurado é algo perigoso."
Marjorine era o último dos acusados da morte da decoradora que ainda não havia sido julgado. Os outros quatro (Pascini, os ex-PMs e o advogado Simdbad Focáccia) já foram condenados pela Justiça.
"Fui pego por causa da minha formação. Não consigo ficar distante das minhas raízes, da minha família", disse. Casado, ele tem duas filhas. A polícia sempre vigiou sua família, que permaneceu morando em São Paulo.
Usando cabelos longos e barba, o advogado disse que conheceu Bruno Pascini ao trabalhar para uma pessoa que acusava o falso médico de passar cheque sem fundo.
"Sou inocente. Não precisava matar ninguém para aumentar meus ganhos. Já era muito bem remunerado. Fugi porque sabia como são as cadeias do Brasil", disse.
Caso encerrado
O advogado foi preso anteontem pela polícia paulista em Recife (PE). Naquela cidade, Marjorine era gerente de uma pizzaria.
Ele foi localizado depois que a polícia descobriu, vigiando os contatos da família, o nome falso que o advogado estaria usando: Felipe Lino Cardoso.
A Justiça quebrou o sigilo bancário de Cardoso, e os policiais descobriram seu endereço em Recife. Ao ser detido, o advogado teria parabenizado os policiais.
"Para a polícia, o caso Pascini encerrou-se com a prisão dele (Marjorine)", disse o delegado Mário Jordão Toledo Leme, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. Agora, o 1º Tribunal do Júri deverá marcar a data do julgamento de Marjorine.

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