São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Assinado o acordo para salvar a Mesbla

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de cerca de três semanas de negociações, os principais bancos credores da Mesbla assinaram um acordo ontem com o Banco Pactual e os acionistas da Mesbla S.A. (família de Botton) para reestruturação da empresa.
Os bancos se comprometem a apoiar a reestruturação, transformando, em 120 dias, seus créditos em ações se, no mínimo, 85% dos credores fizerem o mesmo.
Oficialmente, o acordo só será fechado se todos os credores transformarem seus créditos em ações, mas 85% é considerado um número "palatável".
Os três bancos que assinaram o acordo no final da tarde de ontem, em uma videoconferência entre São Paulo e Rio (onde estavam a família de Botton e o presidente do Banco Pactual, Luiz Cezar Fernandes), têm 40% das dívidas, excluída a dívida fiscal.
Os fornecedores e bancos têm hoje créditos de cerca de R$ 600 milhões com a Mesbla. A dívida fiscal é de cerca de R$ 230 milhões.
No caso de dar certo a reestruturação, dentro de quatro meses a família de Botton perde todas as suas ações. Os controladores passarão a ser os atuais credores.
Já na segunda-feira, José Paulo Ferraz do Amaral, ex-principal executivo da Lojas Americanas, assume, na prática, o cargo de diretor-executivo da Mesbla. Oficialmente, ele trabalhará esses 120 dias, como contratado pelo Pactual para reestruturar a empresa.
Depois dos 120 dias, os novos controladores da Mesbla elegerão Amaral como o novo presidente da empresa. Amaral disse que sua saída da Lojas Americanas estava decidida há um ano e que ele optou pelo "desafio " da Mesbla, em vez de trabalhar para o Banco Garantia (controlador da Lojas Americanas) em São Paulo.
Os dois diretores-executivos da Mesbla, Leonardo Brunet e João Sá, apresentaram ontem suas cartas de demissões, que foram imediatamente aceitas.
Segundo Amaral, ao assinar o acordo em que perde o controle da empresa, André de Botton, principal acionista da Mesbla, disse que ficaria muito feliz se visse a empresa completar cem anos, o que só ocorrerá daqui a 17 anos.
Para evitar o constrangimento de ter de assinar o contrato que, na prática, tira a família fundadora da Mesbla do negócio, Jacqueline de Botton, mãe de André e filha de Jorge la Seigne, que iniciou a empresa, passou suas ações aos filhos no final da tarde de anteontem.
Para Amaral, se tudo der certo, o processo de reestruturação da Mesbla terminará em três anos, quando ele acredita que a loja de departamentos voltará a dar lucro.
Ele disse que o principal objetivo é reposicionar a Mesbla para sua vocação de loja de departamentos voltada para a classe média.

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