São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Seis ou meia dúzia?

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Neste exato momento, provavelmente Damon Hill e Jacques Villeneuve estejam dormindo e, por que não, sonhando com o título mundial que irão disputar na madrugada brasileira.
Um deles, com certeza, preocupado com a posição do grid, o lado sujo da pista.
O outro, com a pole nas mãos, imaginando quanto a tensão de largar atrás está afetando o primeiro.
Hill pode estar tendo pesadelos com a largada falsa, já que usa embreagem no pé -terá de pisar no freio por causa do declive da largada de Suzuka.
Villeneuve, por sua vez, pode estar vendo Hill jogando seu carro para fora na primeira curva, reeditando, com menor densidade, o desfecho entre Senna e Prost ocorrido na mesma Suzuka há alguns anos.
O inglês, por outro lado, talvez apenas sonhe estar ao lado do amigo George Harrison, tocando guitarra, ao lado da mulher e dos filhos.
O canadense, da mesma forma, pode estar acordado, depois do sonho com a namorada, que fez questão de visitar antes de embarcar para o Japão.
Hill e Villeneuve, em comum, têm apenas o peso do sobrenome famoso e o fato de correrem pela mesma equipe. Normalmente, não seriam amigos como, aliás, não são.
Ao contrário de outras decisões, porém, não são as diferenças que convidam o público a ficar acordado hoje até mais tarde. A igualdade é que atrai.
Tão criticada pela falta de equilíbrio, a F-1 provocou, neste ano, uma das disputas mais parelhas de sua história, pelo menos em termos de equipamento.
Quanto ao talento e habilidade dos pilotos, também, não há muito o que discutir. A regularidade de Hill sofre com sua instabilidade emocional, da mesma forma que a velocidade de Villeneuve padece com seus rompantes de adolescente.
Óbvio que nove pontos é muita coisa. Mas a F-1, muitas vezes, não respeita a matemática.

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