São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Helmut Lang realiza desfile poético

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

O desfile do austríaco Helmut Lang foi um dos destaques de ontem do prêt-a-porter em Paris.
Ao som sincopado do drum & bass de quando em quando interrompido por uma Ave Maria cantada por Pavarotti, o criador demonstra mais uma vez por que consegue ser referencial para a moda feita em todo o mundo.
O look é urbano, jovem e moderno. Como pede o clima desses lançamentos de primavera-verão, Lang veio mais poético do que nunca.
Boca cor de vinho sem forçar, pálpebras cor de terra e cabelo duro, muito liso, compõem a imagem feminina -ainda mais jovem que nas coleções anteriores.
O branco e o preto são a base, somados os fundamentos do estilo Lang. Assim, estão presentes de novo a sobreposição, a silhueta quebrada por recursos como alças e faixas transversais (tipo miss), lidando bastante com a assimetria que também é denominador da moda atual.
Muitos vestidos, desta vez um palmo acima do joelho. A estrutura é a camiseta, ora com mangas, ora sem mangas. Ela ganha um babado largo, na transversal, tops sobrepostos de efeito tomara-que-caia e aquelas alças de sutiã de coleções anteriores de Lang.
Essa camiseta pode ser também um vestido, com a mesma forma, mas adicionando barrados em transparências ou com detalhes de cores como o amarelo, rosa e delicadas listras (na diagonal).
O vermelho é importante para Lang. Com ele o estilista permeia jaquetas, com tiras grossas na cor, em barrados, nas tais faixas e nos detalhes dos ternos masculinos.
A cor está em paletós (sempre secos e minimalistas como convém aos modernistas da moda), calças, vestidos e também no jeans, que é lançamento de Lang nesta temporada e já tem tudo para virar hit.
Outros jeans são também em preto. Nos homens, a atitude é rock, usados com jaqueta e t-shirts com uma estampa de Jesus Cristo com rosas. Fora dos jeans a moda masculina de Lang é o tailoring (alfaiataria), com ombros no lugar, lapela exata e comprimento de casaca.
Nos pés, para todo mundo, sandálias tipo rider com duas tiras, com pequeno salto levemente anabela, sempre em preto, usadas sem meia. Outras opções de calçados são sandálias como se fossem boots cortados na ponta e nos calcanhares, pretas. Ou sapatinhos de salto quadrado, meio de brechó, bem simples e neutros.
O modelão é mesmo na roupa -mas às avessas. A simplicidade de Helmut Lang resolve a roupa nela mesma: por exemplo, um vestido (usado pela modelo-do-momento Guinevere) chega a ter a faixa transpassada, um repuxado tipo lastex à frente, alças sobrepostas, assimetria na base e um ombro só (outro clássico do estilista).
Helmut Lang prova que moda não é universo pararelo, não é mundinho, não é futilidade.

O colunista Antonio Callado está em férias

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